quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Conhecimento profano e salvífico de acordo com São Gregório Palamas (George C Papademetriou)


O conhecimento profano (kosmike gnosis) não efetua a salvação. Aquilo que é verdadeiro na sabedoria secular não é necessário e não conduz à salvação. Alguém pode não saber nada sobre as ciências experimentais e ainda assim ter conhecimento de Deus (teognosia) que leva à salvação. [São Gregório Palamas] rejeitou as alegações barlaamitas e escolásticas de que o conhecimento intelectual (gnosis) é essencial para o conhecimento de Deus. Os escolásticos representados por Barlaão tinham como ponto de partida que o conhecimento de Deus é racional e as coisas não conhecidas de Deus são supranaturais. Portanto, temos a dicotomia e a justaposição das duas realidades; natural e super-natural. Para São Gregório Palamas, "o conhecimento de Deus é baseado na experiência supraracional dos profetas e santos; transcende todo o conhecimento racional e não pode, portanto, ser entendido ou definido em categorias racionais, ou tratado dialeticamente e silogisticamente, tomando universais existentes como ponto de partida". São Gregório Palamas vê a realidade na experiência espiritual da visão de Deus (tes theoptias) não em símbolos imaginários, mas em símbolos que são essencialmente reais em nossa experiência da realidade.

A maneira de obter conhecimento de Deus é pela pureza de coração, purificando nossas almas da imaginação imprópria. A única maneira pela qual o homem pode atingir a pureza necessária para o conhecimento de Deus é "purificando seu (poder) ativo pelas obras, seu (poder) cognitivo pelo conhecimento e seu (poder) contemplativo pela oração".

"Nunca pode ser alcançado por ninguém, exceto através da perfeição nas obras, através da perseverança (na via ascética), através da oração contemplativa." A oração em quietude (hesychia) é necessária para obter conhecimento de Deus. O verdadeiro conhecimento é alcançado através da purificação (katharsis). Na união com Deus, alcança-se a visão de "todo conhecimento imaterial" (pares ahylou gnoseos). Isso se dá não por "símbolos sensíveis" (aisiheton ton symbolon), mas pela comunhão da luz divina incriada.

O conhecimento salvífico perfeito foi dado ao homem por Cristo, e nas Escrituras Sagradas pode-se encontrar a "vida eterna". Este sendo o conhecimento perfeito (gnosis) e pela prática dos ditos divinos: "assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas" (Mateus 7 : 12) o homem se move em direção à perfeição. Aqueles que acreditam em Cristo alcançam o conhecimento supra-conceitual (hyper ennoian gnosis) que é o fim dos mandamentos. Nós não recebemos o conhecimento de Deus (theognosia) dos seres criados, mas da luz incriada, que é a glória de Deus e revelada a nós através de Cristo.

O conhecimento, portanto, de acordo com São Gregório Palamas, não é intelectual nem dialético, mas apodítico e experiencial. Pode-se dizer que é existencial porque é diretamente experimentado na contemplação (theoria) e não é derivado de silogismos e abstrações.




Do livro Introduction to St. Gregory Palamas por George C. Papademetriou 


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