sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Cristianismo e Comunismo (Metropolita Filareto Voznesensky)

Metropolita Filareto (1903 - 1985) Bispo e Primaz da Igreja Ortodoxa Russa no Exterior
e Metropolita de Nova York e leste americano.

Examinemos agora mais precisamente a questão da relação do cristianismo com o comunismo, àquela forma particular de comunismo que surgiu agora como uma tentativa de realizar as idéias do socialismo. Esta forma de comunismo emergiu na história como um inimigo declarado e feroz do cristianismo. Por sua vez, o cristianismo o reconhece como completamente estranho e hostil a si mesmo.

A história da Igreja nos tempos apostólicos revela que, naquela época, ela tinha seu próprio comunismo cristão e os fiéis tinham tudo em comum, como dizem os Atos dos Apóstolos. Mesmo agora, este comunismo cristão existe sob a forma de monaquismo coenobítico. Tanto o conceito quanto a realidade da propriedade comunal é um tipo brilhante e idealisticamente elevada de inter-relação cristã, de que sempre existiram exemplos na Igreja Ortodoxa.

Como é grande a diferença entre esse comunismo cristão e o comunismo soviético! Um está tão longe do outro quanto os céus estão da terra. O comunismo cristão não é um objetivo independente e auto-motivado para o qual o cristianismo pode se empenhar. Ao contrário, ele é uma herança do espírito de amor pelo qual a Igreja respirou desde o início. Além disso, o comunismo cristão é totalmente voluntário. Ninguém diz: "Dê-nos o que é seu, isso nos pertence", ao contrário, os próprios cristãos se sacrificaram de tal forma que "nenhum deles considerava seus bens como sendo seus".

O comunalismo de propriedade no comunismo soviético é um objetivo auto-motivado que deve ser alcançado não importando quais sejam as consequências e independentemente de quaisquer considerações. Os construtores deste tipo de comunismo estão alcançando-o por meios puramente violentos, não hesitando em tomar qualquer medida, mesmo com o massacre de todos aqueles que não estão de acordo... As bases deste comunismo não são a liberdade, como no comunismo cristão, mas a força; não o amor sacrificial, mas a inveja e o ódio.

Em sua luta contra a religião, o comunismo soviético chega a tais excessos que exclui até mesmo aquela justiça mais elementar que é reconhecida por todos. Em sua ideologia de classe, o comunismo soviético pisoteia toda a justiça. O objeto de sua obra não é o bem comum de todos os cidadãos do Estado, mas apenas os interesses de uma única classe. Todos os demais grupos estatais e sociais de cidadãos são "jogados para fora", fora dos cuidados e da proteção do governo comunista. A classe dominante não tem nenhuma preocupação com eles.

Ao falar de sua nova ordem, de seu estado "livre", o comunismo promete constantemente uma "ditadura do proletariado". No entanto, há muito tempo ficou claro que não há sinais desta prometida ditadura do proletariado, mas, em vez disso, existe uma ditadura burocrática sobre o proletariado. Além disso, não há manifestação de liberdade política ordinária sob este sistema: nem a liberdade de imprensa, nem a liberdade para se reunir, nem a inviolabilidade do lar. Somente aqueles que viveram na União Soviética conhecem o peso e a intensidade da opressão que reina ali. Sobre tudo isso, reina um terror político como nunca antes experimentado: execuções e assassinatos, exílios e prisões em condições incrivelmente duras. Isto é o que o comunismo deu ao povo russo ao invés da liberdade prometida.

Em sua propaganda política, o comunismo afirma que está alcançando a realização da liberdade, igualdade (ou seja, justiça) e fraternidade [irmandade]. Já falamos do primeiro e do segundo. A idéia de "fraternidade" foi tomada emprestada dos cristãos que se chamam uns aos outros de "irmão". O apóstolo Pedro disse: "Honrai a todos. Amai a fraternidade" (1 Pedro 2: 17). Na prática, o comunismo trocou a palavra "irmão" pela palavra "camarada". Isto é muito indicativo, já que os camaradas podem ser co-participantes (mas não irmãos) em qualquer atividade, mas não se pode realmente falar de "fraternidade" de qualquer maneira, lá onde se prega a luta de classe, a inveja e o ódio.

Todas estas diferenças citadas entre cristianismo e comunismo ainda não esgotam nem mesmo a própria essência da contradição entre eles. A diferença fundamental entre comunismo e cristianismo encontra-se ainda mais profunda, na ideologia religiosa de ambos. Não admira, portanto, que os comunistas lutem tão maliciosa e obstinadamente contra nossa fé.

O comunismo é supostamente um sistema ateísta que renuncia a toda religião. Na realidade, é uma religião - uma religião fanática, obscura e intolerante. O cristianismo é uma religião do céu; o comunismo, uma religião da terra. O cristianismo prega o amor por todos; o comunismo prega o ódio de classe e guerra e é baseado no egoísmo. O cristianismo é uma religião de idealismo, fundada na fé da vitória da verdade e do amor de Deus. O comunismo é uma religião de pragmatismo seco e racional, perseguindo o objetivo de criar um paraíso terrestre (um paraíso de saciedade animalista e de reprovação espiritual). É significativo que, ao passo que uma cruz é colocada sobre o túmulo de um cristão, o túmulo de um comunista é marcado por uma estaca vermelha. Que indicativo e simbólico para ambos. Um deles - a fé na vitória da vida sobre a morte e do bem sobre o mal. O outro - trevas ignorantes, desânimo e vazio, sem alegria, conforto ou esperança para o futuro. Enquanto as relíquias sagradas dos santos ascetas da fé de Cristo florescem com incorruptibilidade e fragrância, o cadáver apodrecido de Lênin, frequentemente embalsamado, é o melhor símbolo do comunismo.

Do livro "On the Law of God," por Metropolita Filareto (Voskresensky). 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

O Monge Católico Romano da Itália que ficou sem palavras por causa de São Porfírio de Kavsokalyva

São Porfírio de Kavsokalyvia


Para cada pessoa que se aproximava dele, o Ancião Porfírio era uma revelação. Isto também aconteceu com os não-Ortodoxos. Gostaria de lhes contar uma história muito característica.

Uma vez, quando estávamos no Novo Skete, recebemos um monge Católico Romano que tinha vindo ao Monte Athos para aprender mais sobre como vivem os monges, a vida ascética e a organização geral do Monte Athos. Contamos a ele sobre o Ancião Porfírio e quando ele foi a Atenas, ele foi ao seu encontro.

Quando o Ancião Porfírio o viu, sem lhe perguntar nada, começou a descrever o mosteiro deste monge na Itália e seu modo de vida lá. Ele até descreveu um convento vizinho. Ele viu todos os monges e monjas de lá e mencionou cada um deles em detalhes específicos!

O monge ficou literalmente boquiaberto porque foi a primeira vez em sua vida que ele encontrou um homem assim. Quando ele voltou ao Monte Athos, ele nos disse: "Se alguém tivesse me falado destas coisas; que ele tinha visto e ouvido estas coisas, eu nunca acreditaria. Como é possível que essa pessoa que vive na Grécia descreva em detalhes nosso mosteiro no norte da Itália, que me conte todos esses detalhes, que me fale dos monges, que me fale das monjas, cada um individualmente?" 

Como este monge nos disse, quando perguntou ao Ancião Porfírio como ele era capaz de ver todas estas coisas, ele lhe respondeu: "A graça de Deus revela os mistérios para nós, os Ortodoxos".

Do livro "Elder Porphyrios Testimonies and Experiences" por Klitos Ioannidis

domingo, 6 de dezembro de 2020

Buscadores da Verdade, o Mito Igualitarista e a Aristocracia do Espírito: Reconectando Hoje com a Tradição Mística (Doru Costache)

Meu artigo discutirá questões relativas ao acesso à verdade. [1] Argumentarei que paralelamente à chamada verdade objetiva, mais ou menos estabelecida cientificamente e por consenso público, existe uma verdade existencial ("subjetiva"), como a vivida pelos santos e que transcende toda a competência secular. 

Primeiramente, tratarei do mito igualitarista da opinião pública, uma característica importante da cultura moderna, juntamente com algumas de suas principais implicações para a mentalidade contemporânea. Em segundo lugar, examinarei a parábola de São Silouan, o Athonita, com as galinhas, o galo e a águia, como um contraponto tradicional e hierárquico em relação à perspectiva igualitarista moderna. Em terceiro lugar, tentarei oferecer um insight sobre a tradição mística dos santos bizantinos, representada por Máximo o Confessor, Simeão o Novo Teólogo e Gregório Palamas.

Evidentemente, o objetivo deste artigo não será o de demonstrar a superioridade da tradição bizantina sobre qualquer outra tradição. Na realidade, ao escolher analisar os ensinamentos dos santos acima mencionados, fui motivado pelo fato de que eles representam marcos para minha própria estrutura. Assim, o objetivo deste artigo será enfatizar a alternativa eclesial à pobreza existencial, intimamente ligada e conatural com o mito igualitarista. Meu argumento é que se a mentalidade moderna (cuja abreviação será MM, mentalidade moderna) quiser superar a perspectiva de sua própria desertificação inescapável, ela deve se voltar mais perceptivamente para a sabedoria tradicional dos santos e reconhecer o valor da mesma (cuja abreviação será MT, mentalidade tradicional). Por fim, este ensaio aponta para uma teoria existencial do conhecimento. 

Já testemunhamos a aurora de tal processo com o surgimento de uma série de espiritualidades exóticas dentro da cultura ocidental, durante o século passado. Talvez seja a hora de os teólogos contemporâneos, na medida em que ainda são portadores da tradição eclesial, apresentarem a espiritualidade cristã como um sério contribuinte para um desenvolvimento holístico de nossa sociedade.

Uma Teoria Democrática do Conhecimento 

Uma das características mais interessantes da cultura moderna é a tentativa de democratizar o acesso ao conhecimento, para abrir indiscriminadamente suas portas para o público em geral. Isto mostra, no entanto, apenas um aspecto do complexo fenômeno representado pela cultura moderna, cujo lado mais obscuro consiste em última instância em uma mentalidade não-tradicional (se não anti-tradicional). O epítome desta principal tendência da modernidade foi sem dúvida, desde o início, o slogan da revolução francesa - liberté, egalité, fraternité. Enfaticamente, este slogan afirma os direitos dos indivíduos de participar livre e igualmente em todos os assuntos relativos à sociedade, como um desafio dirigido aos ideais da sociedade hierárquica medieval. Em nível epistemológico, o conteúdo desta grande mudança cultural sem precedentes pode ser expresso como a passagem do paradigma tradicional dos guardiões do jardim proibido para o da fonte do conhecimento à disposição de todos.

Esta mudança não-tradicional já se tornou manifesta com o Iluminismo e o projeto enciclopédico francês. Reagindo ao estabelecimento anterior do sistema hierárquico - como expresso, por exemplo, no ofício eclesiástico do magisterium - os promotores do Iluminismo lançaram o manifesto igualitarista rotulado por Karl Popper como o mito da opinião pública. [2] De acordo com este manifesto, dentro da estrutura moderna é concedido a todos o acesso ao conhecimento, com a especificação subsequente de que a opinião da maioria estabelece o que é a verdade. A conquista fundamental do processo é eminentemente representada pelas ciências modernas, falando, em teoria, uma linguagem universal e objetivando configurar a mentalidade geral da sociedade.

Entretanto, três aspectos questionáveis deste fenômeno podem ser facilmente localizados, representando em última instância três etapas no processo de dissolução da forma tradicional de acesso à verdade. Embora a situação tenha mudado ligeiramente com a ciência contemporânea (por exemplo, as implicações filosóficas e epistemológicas da teoria quântica) e com o pós-modernismo, estes aspectos ainda são muito influentes (inclusive nos meios eclesiásticos).

(1) Confusão da verdade e consenso público. 

O processo de democratização do conhecimento resultou na lamentável confusão do consenso epistemológico do público em geral (se não apenas da comunidade científica) e da verdade (como uma imagem precisa, em sua complexidade, da realidade [3]).

A mentalidade moderna tornou-se gradualmente menos motivada a olhar para além de suas próprias idéias, recentemente estabelecidas, e menos motivada a reconhecer o caráter pluralista do ato de conhecer, as múltiplas percepções coexistentes da realidade. De fato, e em proporção direta, a mentalidade moderna rendeu-se à tentação de superestimar suas próprias aproximações, de canonizar por consenso público uma representação geralmente aceita da realidade, não importando quão reducionista um modelo tão comum [mediano] possa ser. O caso extremo que ilustra esta tendência é o de um cientista que se recusa a reconhecer a realidade como tal, tentando substituí-la por modelos simplificadores.4 Junto com este exemplo extremo, e como uma tendência geral dentro das ciências duras e humanas, esta situação torna-se óbvia na propensão de discutir as teorias e opiniões dos outros, em vez de se envolver no exame dos próprios objetos. Refletimos sobre reflexões em vez de refletir sobre realidades. As reflexões tornaram-se o objeto de nosso esforço intelectivo - em última análise, nossa verdade 'objetiva' e pública.

(2) Abandono das premissas tradicionais do processo cognitivo. 

A cultura moderna condena ao esquecimento o que representa a norma comum de uma cultura tradicional. As premissas básicas de qualquer abordagem humilde ao conhecimento - tais como a transcendência da verdade, os graus indefinidos de percepção e os pré-requisitos existenciais de acesso à verdade - são rigorosamente ignoradas e marginalizadas. Baseando-se acriticamente em uma corrente dominante racionalista orgulhosa, na maioria, hoje, a perspectiva complexa da experiência mística e da mentalidade holística (tradicional) parece ser absurda. Não há dúvida de que eventualmente, e não muito longe no futuro, as premissas tradicionais do conhecimento serão completamente removidas do horizonte da mentalidade moderna. Não é surpreendente, portanto, neste contexto, que a humildade, como pré-requisito de qualquer abordagem reverente ou apofática da realidade, seja deslocada de sua posição central e substituída pela tendência antropocêntrica arrogante da exaustão sistemática dos mistérios.

Em resumo, as premissas tradicionais do conhecimento são substituídas por ideologias (tais como o positivismo e o cientificismo), alimentando a apoteose da vanglória como experimentada pela mentalidade moderna.

(3) Classificação da formação espiritual como obsoleta. 

Embora generoso em sua aspiração de elevar o nível de consciência das massas, o manifesto igualitarista falha ao ignorar a distinção entre conhecimento edificante, ou sabedoria, e informação pura. Sob o peso do crescente acúmulo de dados, o antigo ditado non multa, sed multum [5] - sugerindo sabedoria como o núcleo da educação - deixa de ilustrar uma característica cultural relevante. A informação é substituída pela sabedoria, dentro de um processo que prioriza dados existencialmente neutros contra a formação pessoal.

Com esta tendência, desaparece a consciência da estreita conexão entre a experiência pessoal e o conhecimento. As pessoas elaboram teorias e promovem idéias com "objetividade" ou desapego intelectual, ignorando o sentido tradicional do verdadeiro conhecimento (theoria) como encarnado em uma forma de viver (praxis). Isto resulta, por um lado, em um processo de privar o domínio da vida pessoal de qualquer critério existencial sólido e, por outro lado, de transformar a mente humana em uma enciclopédia de conhecimento fútil (a mente disco-rígido). O clímax deste processo já foi alcançado com o abandono de quaisquer ideais de transformação interior. A linguagem cotidiana testemunha abundantemente esta tendência, que fala de pessoas bem informadas, mas nunca de pessoas bem formadas.

*

O resultado inesperado do sonho democrático é a relativização absoluta da verdade e, correlativamente, a extinção dos grandes ideais espirituais. As consequências existenciais deste fracasso - desorientação pessoal, ansiedade, psicoses, alienação, depressão, etc. - estão além do alcance das estatísticas habituais, minando a estabilidade e a coerência da sociedade moderna. Daí exatamente essas conseqüências impõem à consciência contemporânea a busca de critérios mais sólidos e a introdução da geodésica espiritual no caos da vida pessoal e social. Portanto, dada a eficácia antropológica e existencial dos sistemas tradicionais, a reconexão com as formas tradicionais de acesso à verdade parece ser urgente para nossa cultura. Ou, é um fato que o encontro entre a mentalidade moderna e a mentalidade tradicional encontra obstáculos exatamente na distância introduzida pela primeira; quanto à mentalidade tradicional, ela já e passionalmente abraça a mentalidade moderna...

A parábola de São Silouan, o Athonita 

A parábola com as galinhas, o galo e a águia ilustra perfeitamente a abordagem tradicional da verdade e seus pré-requisitos existenciais. Ela também representa uma história significativa, sugerindo os meios necessários para superar a questão da pobreza existencial resultante da implementação do mito da igualitarista. Um resumo da parábola se faz necessário.[6]

Parafraseando, a história fala de um galo que um dia voou para a cerca da fazenda, como ele costumava fazer, para observar os arredores. O que houve de especial naquele mesmo dia foi a determinação do galo em compartilhar sua experiência com as galinhas que nunca saíram do chão, pois se preocupavam exclusivamente com a busca de alimentos. O galo começou a contestar as galinhas, pedindo-lhes que levantassem os olhos para os céus e que se juntassem a ele no topo da cerca. Previsivelmente, as galinhas não tinham intenção de abrir mão de suas atividades importantes e zombaram do galo por desperdiçar tempo com coisas tão sem sentido como a contemplação do mundo. E como o galo continuava insistindo, dizendo-lhes quão grande é o mundo quando percebido a partir de uma certa altitude, elas o rejeitaram firmemente. Na realidade, elas expressaram sua absoluta convicção de que não existe um mundo mais amplo do que a fazenda onde elas sempre viveram. Dominado pela angústia de ser mal compreendido, o galo voltou à sua atividade favorita - de contemplar o mundo a partir de cima. Mais tarde, uma águia desceu das regiões superiores, convidando o galo a juntar-se a ela em sua contemplação superior. E embora a águia tenha se esforçado para convencê-lo da perspectiva mais ampla que se tem a partir do zênite, nosso galo resistiu com bravura. Para ele, uma contemplação superior àquela que ele tinha no topo da cerca era simplesmente impossível...


A parábola, recontada pelo Arquimandrita Sofrônio (Saint Silouan, the Athonite, 486): 

Uma águia estava voando alto nos céus, deleitando-se com a beleza do mundo; e ela pensou: "Eu vôo atravessando grandes extensões, e vejo vales e montanhas, mares e rios, prados e florestas. Vejo uma multidão de bestas selvagens e pássaros. Olho para as cidades e aldeias, e vejo como vivem os homens. Mas o galo do campo não sabe de nada, a não ser de seu galinheiro, onde ele põe os olhos em apenas um pequeno número de pessoas e alguns poucos bois. Vou descer voando e contar-lhe sobre a vida do mundo." 

A águia voou até o telhado de uma cabana e viu o galo se pavoneando entre suas galinhas, e pensou consigo mesma: "então ele está contente com sua sorte. Mas mesmo assim, eu lhe direi as coisas que sei".

E a águia começou a contar ao galo a beleza e a riqueza do mundo. No início, o galo ouviu atentamente, mas não entendeu nada, então a águia ficou irritada e se tornou um esforço para falar com o galo; ao passo que o galo, não entendendo o que a águia estava dizendo, começou a se cansar, e achou difícil ouvir a águia. Mas cada um deles permaneceu contente com sua sorte. [7]

Não sem um humor sutil, São Silouan (m. 1938) reitera aqui um tema clássico, compartilhado por respeitados Pais da Igreja, como o Santo Basílio o Grande,8 Gregório o Teólogo, [9] Gregório de Nissa [10] e Dionísio o Areopagita. [11] Basicamente sua parábola reitera para os cristãos modernos o insight tradicional sobre o significado místico da ascensão de Moisés no Sinai. Na mesma linha dos Pais mencionados, São Silouan diferencia várias percepções da realidade, distinguindo uma multidão de verdades 'subjetivas' ou existenciais. 

Na economia da parábola, [13] as galinhas representam a maioria das pessoas, vivendo somaticamente, isto é, preocupadas exclusivamente com esta vida transitória e ignorando o horizonte da nobreza mais elevada. Enredadas no mito do igualitarismo e interpretando a vida em termos materialistas, elas não podem sonhar em perceber a realidade de outra forma que não seja olhando para baixo, para o chão. O comportamento do galo é completamente estranho e absurdo para elas: elas são totalmente incapazes de entender por que alguém afirmaria que a realidade pode ser mais do que alimentar-se e pôr ovos... Por sua vez, o galo ilustra aqueles que questionam a forma unilateral da vida terrena, epidérmica, juntamente com sua percepção limitada da realidade. Apesar de não estar necessariamente situado muito acima das galinhas, existencialmente falando, o galo se esforça com atividades superiores - intelectuais e espirituais -, tentando compreender o sentido da vida e do mundo. Fornecendo à sua mente o alimento espiritual necessário, e tomando consciência de si mesmo e do complexo relevo da realidade, ele avança no sentido de perceber o cenário da vida de uma forma mais nuançada. É, portanto, surpreendente que, embora ele seja ininteligível para as galinhas, quando confrontado com o insight superior da águia, o galo se comporta como qualquer outra galinha acomodada. [14] Ele não pode suportar a idéia de uma percepção mais elevada e mais ampla da realidade, pela simples razão de não poder seguir a águia na jornada ascendente da mesma. No final, a barreira experimentada tanto pelas galinhas quanto pelo galo é a mesma, embora eles a experimentem de forma diferente: uma tendência idiossincrática de ignorar ao mesmo tempo os vários graus de acesso à verdade e a evidente preeminência da aristocracia de espírito. No entanto, dentro da parábola e além dela, duas coisas são certas. A primeira: a realidade é complexa, e pode ser percebida de pontos de vista indefinidos, [15] correspondendo às diversas formas de vida. A segunda: o acesso superior à verdade permanece condicionado pela intensidade do próprio compromisso de cada um com a vida virtuosa. Chegando a esta conclusão, a parábola enfatiza o nexo íntimo entre a experiência e o conhecimento.

Se Francis Bacon formulou a relação entre conhecimento e poder em termos de proporcionalidade, tantum possumus quantum scimus (adquirimos poder de acordo com a medida de nosso conhecimento) ou scientia potentia est (ciência é poder), São Silouan revela outra faceta do processo cognitivo: conhecemos proporcionalmente à nossa experiência pessoal no caminho virtuoso. Aqui torna-se evidente a principal diferença entre a orientação externa da mentalidade moderna, disposta a operar demiurgicamente como princípio 'ecossistêmico', e respectivamente a orientação interna da mentalidade tradicional, interessada na transformação da pessoa humana. 

Consequentemente, quando se trata de um processo de transformação pessoal - como na ascensão da condição das galinhas para a do galo, ou da condição do galo para a da águia - o know how pressuposto não pode mais ser mera informação. Em vez disso, o know how exigido consiste na sabedoria dos santos que estiveram lá e fizeram isso... Para ter acesso à verdade existencial e transformadora, é necessária uma orientação espiritual e uma estrutura tradicional.

Aproximando-se da Verdade com os Pais Bizantinos

Agora nos voltamos para outra dimensão da mentalidade tradicional, aquela da complexidade da tradição e da necessidade de orientação espiritual. Durante os primeiros séculos, e ecoando os ritmos litúrgicos da Igreja primitiva, a consciência relativa à coexistência de múltiplas percepções da verdade cristã manifestou-se através da distinção de dois níveis de tradição e seus correspondentes graus de iniciação. [16] Em consonância com a complexa estrutura da liturgia, com suas duas partes principais - a liturgia dos catecúmenos (aqueles que serão iluminados) e respectivamente dos fiéis (os iluminados) -, São Basílio o Grande [17] discerniu os níveis de κηρύγματα e δόγματα. Por κηρύγματα ("proclamações") ele indicou a camada exterior, ou a manifestação pública da vida eclesial, ao passo que por δόγματα ("opiniões", ["crenças"]) ele designou o lado interior da tradição, uma soma de critérios que caracterizam a mentalidade eclesial. Para São Basílio, o nível de δόγματα, ao qual não há verdadeiro acesso sem uma orientação superior, lança a luz definitiva sobre o significado e a finalidade do de κηρύγματα. De maneira semelhante, toda uma série de catecismos pré-batismos e pós-batismos do século IV testemunhou o desenvolvimento de um processo de iniciação, sob a cuidadosa orientação de um bispo ou de um catequista designado. [18] O epítome deste complexo processo continua sendo sem dúvida as relações estabelecidas entre os anciãos e os noviços, como retratado pelos famosos Ditos dos Padres do Deserto. [19]

A presente seção de meu artigo se concentrará, entretanto, nos esforços de três Pais posteriores, que contribuíram imensamente para o esclarecimento do que consistia o lado interior da tradição. Estes ilustres autores - São Máximo o Confessor, São Simeão o Novo Teólogo e São Gregório Palamas (representando a chamada tradição filocálica) - também apresentaram uma resposta inequívoca para a questão do acesso à verdade. Ao contrário da idéia ocidental do magisterium, eles identificaram os verdadeiros mistagogos (ou guias para o mistério) não exclusivamente com os representantes da hierarquia estabelecida; ao invés disso, eles reconheceram a prioridade da aristocracia de espírito como sendo representada pelos santos. Correlativamente, eles colocaram em relevo o conteúdo existencial do lado interior da tradição. Como uma característica comum aos três, eles enfatizaram a conexão orgânica entre o acesso à verdade e o viver virtuosamente. Viver a verdade era para eles, em última instância, participar na vida divina e deificante, uma experiência impossível de ser realizada fora da tradição dos santos.

Para introduzir sua interessante teoria das cinco polaridades da realidade (em sua obra principal, Ambigua), São Máximo o Confessor faz menção explícita à sucessão mística, ou tradição, dos santos. Segundo ele, os santos recebem o conhecimento das coisas divinas através de duas formas distintas: pela mediação de outros santos e pela experiência direta. [21] Começando pelos apóstolos, como seguidores e servos do Logos, esta cadeia de santos representa a sucessão ininterrupta de uma tradição mística fora da qual não é possível o acesso real à verdade (cristã). Máximo estava tão convencido da importância capital da tradição mística, que em sua famosa obra Mistagogia, introduziu um personagem central, o ancião, que aparentemente o iniciou nos mistérios celebrados dentro da liturgia. Todo o tratado [22] pode servir como prolegômenos ao método tradicional bizantino de acesso à verdade. Em uma obra anterior, Sobre a Vida Ascética, São Máximo ilustrou como as coisas ocorriam com a instrução existencial ou a tradição viva, imaginando um diálogo envolvendo um ancião e um noviço. O diálogo ecoa as conversas dos Ditos mencionados acima.

Por sua vez, São Simeão enfatiza mais a antítese entre aqueles iniciados pelos santos e todas as outras pessoas. Em seu XV discurso catequético, [23] ele contrasta as "pessoas carnais", "vivendo sob o domínio das trevas", por um lado, e os "homens espirituais e santos" e seus "pensamentos sobre a luz", por outro lado. Ele enfatiza as dificuldades experimentadas pelos primeiros quando atingidos pela mensagem desafiadora e pela superioridade experiencial dos santos. Indispostas a contemplar a luz espiritual, e por causa de sua "ignorância e descrença", as pessoas carnais sentem-se estimuladas a se opor e odiar os santos. Caracterizadas pela "escuridão das paixões", "cegueira mental", "insensibilidade e ignorância", longe de participar da "mente de Cristo", essas pessoas carnais acabam se recusando de serem ensinadas. Incapazes de reconhecer o estado espiritual superior dos outros, por obtusidade, elas preferem imaginar que sabem, mesmo que "não saibam nada"', permanecendo longe da experiência mística. Quanto aos santos, eles gozam do privilégio de receber - de acordo com o grau de seu merecimento - características divinas por meio de uma participação insondável. Sendo Deus luz, "àqueles que entraram em união com Ele, Ele transmite Seu próprio brilho na medida em que eles foram purificados". Aqueles que se aproximam de Deus por meio da purificação são concedidos a se tornarem "deuses por adoção", "filhos do Altíssimo de acordo com a imagem do Altíssimo e de acordo com Sua semelhança". Sem promover a idéia de uma elite gnóstica, São Simeão em última instância descreve a experiência dos santos por razões pedagógicas, para revelar o ícone da verdadeira vida cristã e convidar a todos a buscá-la: "por nosso discurso mostramos, como em um pilar, quem são cristãos e qual é sua natureza, para que esses homens se comparem ao modelo e descubram até onde estão aquém daqueles que são verdadeiramente cristãos". Embora uma minoria, os santos tornam visível a nobreza interior de todos aqueles que querem se tornar, como eles, filhos e filhas de Deus. Indiretamente eles nos ensinam como, tendo chances iguais diante de Deus, nós as utilizamos de maneira diferente.

São Gregório Palamas, na Declaração da Santa Montanha, [24] continua esta tendência, sintetizando as principais idéias dos Pais anteriores. Em consonância com São Basílio, ele distingue dentro das doutrinas cristãs aquelas "proclamadas abertamente" e respectivamente aquelas "reveladas mística e profeticamente pelo Espírito" aos santos. O acesso aos ensinamentos místicos não é uma coisa fácil e é um fato que para muitos estes ensinamentos representam absurdos se não blasfêmias. Palamas observa, como São Simeão antes dele, a simetria entre os judeus que são incapazes de interpretar cristologicamente o Antigo Testamento e os cristãos que, privados de "reverência apropriada", rejeitam por ignorância "os mistérios do Espírito". Ou, estes mistérios ou as "bênçãos da era por vir", sendo "prometidos aos santos", já são "revelados profeticamente àqueles a quem o Espírito considera dignos." O acesso à verdade exige transformação pessoal e é óbvio que não são muitos os que estão dispostos a renunciar a suas idiossincrasias em prol de uma vida superior. Os santos, tornados dignos pelo Espírito Santo, são no entanto "pessoas que foram iniciadas por experiência real, que renunciaram às posses, à glória humana e aos horrendos prazeres do corpo em prol da vida evangélica". A influência de São Máximo torna-se visível neste ponto: embora tenham sua própria experiência como indivíduos, os santos não estão isolados. Todos eles vivem e crescem dentro da tradição: "eles também fortaleceram sua renúncia, submetendo-se àqueles que alcançaram a maturidade espiritual em Cristo". Mesmo a este respeito, há vários níveis a serem distinguidos. Se nem todos aqueles que se esforçam por uma vida superior conseguem alcançar o clímax da perfeição e do conhecimento místico, eles possuem no entanto a possibilidade de aprender "sobre estas coisas através de sua reverência, fé e amor" pelos santos.

Para os bizantinos, a tradição representa uma estrutura complexa onde princípios teóricos e critérios - expressões da mentalidade eclesial - se fundem com a vida da Igreja como excelentemente manifestada pela experiência dos santos. Emerge um novo significado de hierarquia e aristocracia: nada tendo a ver com um estabelecimento social injusto, os santos - provenientes de todas as camadas sociais - revelam com compaixão, gradual e exemplarmente, a nobreza interior à qual são chamados todos os seres humanos. Os santos encarnam, em última instância, os marcos reais necessários para qualquer busca espiritual. Em vez de serem os guardiões, eles ilustram um caminho vivo na busca da verdade e da realização deste esforço na própria forma de sua maneira de viver.

Observações finais 

A busca da verdade não é um esforço marginal; mesmo que estejamos longe de alcançar a verdade, em última análise, esta busca define quem somos. Mas a busca da verdade é um processo a ser realizado dentro de um sistema aristocrático ou hierárquico (com o sentido descrito no acima). A busca da verdade - a verdade existencial - torna-se possível em sabedoria e seguindo as pegadas daqueles que foram guiados por outros antes de nós, já experimentando o que todos nós somos chamados a experimentar.

Para a tradição bizantina, como para São Silouan, é certo que o acesso à verdade e a aquisição de maior nobreza pessoal andam em paralelo. Sem o esforço pessoal para realizar a transformação interior e as diretrizes da tradição, nenhuma verdade relevante pode ser encontrada - pelo menos não uma verdade capaz de enriquecer significativamente e dar consistência à nossa vida. Restabelecer a aristocracia do espírito ou a tradição dos santos como critério epistemológico decisivo não significa voltar a uma estratificação de tipo medieval. Representa, por sua vez, uma bela chance de recuperar a normalidade, uma possibilidade de abrir às pessoas uma forma madura de remodelar suas vidas e de adquirir plena humanidade. 

Uma pergunta permanece ainda sem resposta: estamos prontos para desistir de nossos preconceitos e começar a voar para o alto, com a águia?


Notas

1 Esta é uma versão ampliada do meu artigo, com o mesmo título, apresentado na Conferência Bienal de Filosofia, Religião e Cultura - "Truth and Truthfulness in Uncertain Times " (Instituto Católico de Sydney, 29/09/06 - 01/10/06).

2 Cf. K. Popper, Conjectures and Refutations: The Growth of Scientific Knowledge (London and New York: Routledge, 2002) 467-9.

3 Como em Tomás de Aquino adaequatio intellectus et rei 'correspondência entre pensamento e realidade' (Summa Theologiae, I, q. 16, a. 2).

4 Cf. Al. Mironescu, Certitudine şi adevăr [Certeza e verdade] (Bucharest: Charisma, 2002) 92-3.

5 Em paráfrase, sabedoria não é saber muitas coisas (informação), mas ter uma compreensão profunda das coisas.

6 Cf. Wisdom from Mount Athos: The Writings of Staretz Silouan 1866-1938; editado pelo Arquimandrita Sofrônio; trad. do russo por R. Edmonds (Crestwood, NY: SVS Press, 1975) 107. Veja também Arquimandrita Sofrônio (Sakharov), Saint Silouan the Athonite; trad. do russo por R. Edmonds (Essex: Stavropegic Monastery of St John the Baptist, 1991) 486-7. 

7 Minha paráfrase apresenta a história a partir do ponto de vista de uma galinha que quer voar, uma perspectiva ascendente. Por sua vez, a de Pe. Sofrônio apresenta a perspectiva descendente de uma águia.

8 Cf. São Basílio o Grande, Homilias sobre Hexamerão 1:1 (Nicene e Post-Nicene Fathers Series, vol. VIII) (Grand Rapids: Wm.B. Eerdmans Publishing Co., 1978) 52-3. 

9 Cf. São Gregório de Nazianzus, Theological Orations 2:2-3. Em On God and Christ: The Five Theological Orations and Two Letters to Cledonius, trad., intro. e notas de F. Williams & L. Wickham (Crestwood, NY: SVS Press, 2002) 37-9. 

10 Cf. São Gregório de Nissa, The Life of Moses II.152-161 (Classics of Western Spirituality Series); trad., intro. e notas de A.J. Malherbe e E. Ferguson; pref. de J. Meyendorff (New York & Ramsey & Toronto: Paulist Press, 1978) 91-4. 

11 Cf. Dionísio, o Areopagita, Teologia Mística 1:3. Em Pseudo-Dionysius, The Complete Works (The Classics of Western Spirituality Series), trad. por C. Luibheid; prefácio, notas e colaboração de trad. por P. Rorem; pref. por R. Roques; introdução por J. Pelikan, J. Leclerq, e K. Froelich (New York & Mahwah: Paulist Press, 1987) 136-7.

12 Para um significado mais nuançado da hierarquia, veja Arcebispo Stylianos (Harkianakis), 'Prioridades na verdadeira cultura' Phronema vol. 20 (2005) 1-7. 

13 As galinhas, o galo e a águia ecoam os três estágios clássicos das comunidades tradicionais da Antiguidade Tardia, respectivamente o somatikoi (o somático), o psychikoi (o psíquico) e o pneumatikoi (o espiritual). O Novo Testamento faz alusão às três categorias: Romanos 7:14; Judas 19; 1 Coríntios 2:13 & 3:1. Devo ao Pe. Patrick McInerney (Columban Centre for Christian-Muslim Relations, Sydney) que me indicou a possibilidade de interpretar a perspectiva dos três estágios à luz do Método em Teologia de B. Lonergan (Toronto: University of Toronto Press, 1990) 81-100. Segundo Lonergan, existem quatro domínios de experiência: o mundo do senso comum; o mundo da teoria; o mundo da interioridade; o mundo da transcendência (os dois últimos correspondem ao terceiro estágio, da águia).

14 Comentando sua própria parábola, São Silouan observa que "quando o homem espiritual se encontra com seu oposto, o discurso deles é tedioso e cansativo para ambos". Cf. S. Sakharov, São Silouan, o Athonita, 487. 

15 Sem ênfase na dimensão existencial do ato de conhecer, B. Nicolescu (Nous, la particule et le monde (Paris: Rocher, 2002) 267-272) menciona níveis indefinidos de realidade e respectivos níveis de percepção. Veja também A. Nicolaidis, 'The Metaphysics of Reason', em B. Nicolescu & M. Stavinschi (eds.), Science and Religion: Antagonism or Complementarity? (Bucharest: XXI The dogmatic eon, 2003) 235-8. 

16 Cf. J. Day, 'Adherence to Disciplina Arcani in the Fourth Century' Studia Patristica vol. XXXV (Leuven: Peeters, 2001) 266-70; D. Costache, 'The Inner Side of the Visible': Apostolic Criteria and Spirit in the Orthodox Tradition', em Prof. Univ. Dr Teodosie Petrescu (ed.), Omagiu Profesorului Nicolae V. Dura la 60 de ani [Em Celebração Prof. Nicolae V. Dura aos 60 anos] (Constanta: Editura Arhiepiscopiei Tomisului, 2006) 387-8. 

17 Cf. São Basílio o Grande, On the Holy Spirit 66; trad. e intro. por D. Anderson (Crestwood, NY: St Vladimir's Seminary Press, 1980) 98-9. 

18 Cf. por exemplo E. Mazza, Mystagogy: A theology of Liturgy in the Patristic Age, trad. por M. J. O'Connell (New York: Pueblo Publishing Co., 1989). O volume explora as práticas catequéticas de Ambrósio de Milão, Teodoro de Mopsuéstia, João Crisóstomo e Cirilo de Jerusalém. 

19 Cf. The Sayings of the Desert Fathers: The Alphabetical Collection (edição revisada), tradução, com prefácio de B. Ward, SLG; prefácio do Metropolita Antônio de Sourozh (Kalamazoo: Cistercian Publications, 1984).

20 Cf. N. Russell, The Doctrine of Deification in the Greek Patristic Tradition (Oxford: Oxford University Press, 2004) 262-95, 301-9. 

21 Cf. Ambigua 41, PG 91, 1304. 

22 Cf. A Mistagogia da Igreja, em Maximus Confessor: Selected Writings (Classics of Western Spirituality Series), trad. e notas de G.C. Berthold, intro. de J. Pelikan, pref. de I.H. Dalmais (New York & Mahwah: Paulist Press, 1985) 183-214. 

23 Cf. São Simeão o Novo Teólogo, The Discourses (The Classics of Western Spirituality Series), trad. por C.J. de Cantazaro; introdução por G. Maloney S.J.; pref. por B. Krivocheine (Londres: SPCK, 1980) 193- 7. Da mesma forma, São Silouan observa: "O homem espiritual medita dia e noite sobre a lei do Senhor, e em oração se eleva para Deus; ao passo que a mente do homem indiferente está atada à terra, ou engajada em pensamentos fúteis. A alma do homem espiritual se deleita em paz, ao passo que a alma do outro permanece vazia e distraída. Como a águia, o homem espiritual voa nas alturas, e com sua alma sente Deus, e contempla o mundo inteiro, embora ele esteja orando na escuridão da noite; ao passo que a alma do homem que não é espiritual se deleita em vanglória ou em riquezas, ou busca os prazeres da carne". Cf. S. Sakharov, Saint Silouan the Athonite, 487.

24 "A Declaração da Montanha Santa em defesa daqueles que praticam devotamente uma vida de quietude", prólogo. Na Philokalia, vol 4, trad. do grego e editado por G.E.H. Palmer, Ph. Sherrard, K. Ware (Londres: Faber & Faber, 1994) 418-9.