sexta-feira, 20 de abril de 2018

Crença e Descrença (São Lucas da Crimeia)





Foi extremamente difícil para os Apóstolos acreditarem que o Senhor Jesus Cristo havia ressuscitado. 

Eles consideraram as palavras daportadores de mirra, que lhes trouxeram esta notícia, como sendo mentira. 

Quando eles foram para a Galileia, para a montanha, como Jesus lhes havia ordenado, e o viram, alguns caíram e O adoraram, enquanto outros ficaram petrificados, não acreditando em seus próprios olhos. 

Quando Jesus apareceu para todos eles no cenáculo, em Jerusalém , eles pensaram que estavam vendo um espírito. 

A mais forte incredulidade foi do apóstolo Tomé, que teve que colocar seus dedos nas feridas dos cravos das mãos e dos pés do Salvador, a mão em Seu flanco, antes que pudesse acreditar. 

Por que os apóstolos acreditavam - mesmo diante de seus próprios olhos - com tanta dificuldade? Afinal, eles eram testemunhas do Senhor Jesus ressuscitando o filho da viúva de Naim, a filha de Jairo, e até mesmo Lázaro, morto há quatro dias. 

Mas afinal, estes eram os atos de um grande Operador de Milagres, e os mortos não ressuscitaram por sua própria força; mas acreditar na possibilidade de um corpo morto voltar à vida por si mesmo, pelo seu próprio poder, era incomensuravelmente mais difícil. 

Assim, era extremamente difícil para os Apóstolos de Cristo acreditarem até no que viam com seus próprios olhos. 

Mas para nós que não vimos nem Jesus vivo, nem ressurreto - é mais difícil ou mais fácil acreditar no que lemos nos Evangelhos e nos escritos dos Santos Apóstolos? Oh, é claro que é mais fácil, muito mais fácil - pois a grande quantidade de fatos e eventos históricos, nos convencem além da dúvida sobre a verdade da ressurreição de Cristo. 

O que pode ser dito sobre o fato de que a pregação de pescadores da Galileia e seus sucessores, ao longo de apenas alguns séculos, conquistou todo o mundo habitado da época - não apenas gregos e romanos cultos, mas até mesmo germânicos quase-selvagens, gauleses e celtas, e deu um golpe fatal no paganismo? 

Isso poderia ter sido possível se Cristo não tivesse ressuscitado? Não seria o caso de qualquer pregração sobre o Crucificado como Filho de Deus encontrar apenas zombaria em todos lugares?

Seria ponderável que dezenas de milhares de santos mártires se apresentassem às torturas horríveis e mortes terríveis, se não acreditassem na ressurreição de Cristo e não estivessem ardendo no fogo pelo Conquistador da morte? 

Será que os difíceis trabalhos ascéticos de jejum e oração de inumeráveis anacoretas e monges, em busca do conhecimento do Senhor Jesus Cristo e da aquisição da mente de Cristo, seriam possíveis? 

Milhões e milhões de pessoas de todas as idades e sexos foram verdadeiros cristãos, especialmente durante os primeiros quatorze séculos desde o nascimento de Cristo. 

No entanto, não importava quão grande fosse o poder da pregação e as obras de Cristo, não importava como o Filho de Deus morreu na cruz e como sua Ressurreição dentre os mortos abalou o mundo, nem todos acreditavam Nele. 

Já entre os contemporâneos do Senhor Jesus e dos seus Apóstolos, até mesmo a maioria da raça judaica escolhida por Deus não acreditava Nele. 

A descrença, que caiu como uma enorme onda sobre nossas nações modernas da Europa e da América, todas anteriormente cristãs, está sempre crescendo e se espalhando. Começou, é claro, não durante a era renascentista da ciência e das artes, não de Voltaire e dos outros enciclopedistas, mas muito anteriormente, já durante o primeiro século após o nascimento de Cristo. 

O que isto significa? Significa que nosso Senhor e Deus, Jesus Cristo, não atrai o coração das pessoas para Si mesmo, algo que Ele certamente poderia fazer com Seu poder divino, mas procura amor e fé voluntários. 

Nem todo coração aceita alegremente Seus grandes mandamentos. Pessoas orgulhosas e dominadoras riem dos mandamentos sobre a pobreza de espírito, mansidão e misericórdia; eles nem sequer pensam sobre a Verdade maior e eterna de Deus; eles só querem ouvir sobre a correção das relações sociais, e consideram apenas os relacionamentos apropriados entre as nações como sendo o ideal mais elevado.
Quantos querem ser perseguidos por causa da justiça, serem insultados e caluniados por amor a Cristo? 

Quantos entram pelos portais retos, pelo caminho estreito, de modo que no final de sua estrada difícil eles podem ouvir o chamado abençoado: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo(Mateus 25:34)?

O que o cientista dirá a vocêse você tentar pregar Cristo a ele? É claro que ele responderá com aborrecimento: “Não me incomode, estou ocupado com minha ciência, porque para mim, toda a verdade está nela”. 

O apóstolo Paulo fala em sua epístola aos Coríntios sobre os sábios e prudentes que rejeitaram a fé em Deus por causa da ciência:  

Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; (1 Coríntios 18–28). 

Mesmo durante a Sua vida terrena, nosso Senhor Jesus Cristo chamou aqueles que acreditam Nele de Seu “pequeno rebanho”. 

Não seja perturbado por isso, mas regozije-se. E saibam que pertencem a este rebanho, através dos tempos e até os dias atuaisimportantes cientistas, eruditos e filósofos, que foram capazes de combinar sua crença na ciência com sua fé superior em Deus e em Seu Cristo. E daqueles que rejeitam a religião com base em dados científicos, a vasta maioria de fato não tem nada a ver com ciência e fala sobre isso apenas em boatos. 

E para você, povo simples e não-erudito, que as palavras de Cristo sejam um forte apoio: A menos que sejais convertidos  e tornai-vos como criancinhas, não entrareis no reino dos céus (Mt 18: 3)

Nenhum comentário:

Postar um comentário