quarta-feira, 11 de outubro de 2017

Ecumenismo (Pe. Spyridon Bailey)

    O ecumenismo é a intenção de estabelecer uma intercomunhão entre todos os grupos cristãos, independentemente das diferenças doutrinárias. As crenças sincretistas da Maçonaria encontram sua expressão no movimento ecumênico e, como veremos, são os maçons que estão por trás da promoção do ecumenismo. Devemos reconhecer que muitos cristãos sinceros foram seduzidos pela linguagem utilizada pelos ecumênicos quando falam de superar disputas para alcançar uma "união" entre todos os cristãos, mas devemos reconhecer quão vazio é essa terminologia e o que os verdadeiros objetivos desse movimento significam para a ortodoxia.

   O termo "Movimento Ecumênico" foi usado pela primeira vez em 1920 para descrever o fortalecimento das relações entre os grupos cristãos. O Conselho Mundial de Igrejas (World Council of Churches, W.C.C.) foi formado em 1948 (no mesmo ano em que a Carta das Nações Unidas dos Direitos Humanos foi publicada) quando dois grupos ecumênicos anteriores, "Fé e Ordem" e "Vida e Trabalho" uniram forças. Devemos reconhecer que o Patriarca Ecumênico (de Constantinopla) desempenhou um papel importante nos primeiros anos do movimento, embora a Rússia não tenha desempenhado nenhum papel neste estágio, porque estava sob perseguição dos comunistas (na década de 1970, no entanto, como o padre Serafim Rose registrou em seu tempo, o Estado soviético procurou forçar a Igreja Ortodoxa Russa a ser membro ativo do W.C.C. para destruir sua singularidade na mente do povo russo).

   O estabelecimento do Conselho Mundial de Igrejas foi apoiado financeiramente pela Fundação Rockefeller, que primeiro nomeou John Foster Dulles para liderar o Conselho Nacional de Igrejas nos Estados Unidos. Dulles foi membro do Conselho de Relações Exteriores e também presidente dos Administradores da Fundação Rockefeller. Dulles foi enviado à conferência fundadora do W.C.C. em Amsterdã em 1948 para promover a estratégia Rockefeller. Reconheceu-se que não só os cristãos ortodoxos, mas também católicos romanos e evangélicos se opunham à idéia de que a doutrina fosse tratada como secundária à idéia de unidade externa a qualquer custo. O plano de Rockefeller era estabelecer uma nova ideia que falaria acima das diferenças teológicas; isto foi o que se tornou conhecido como o "evangelho social".

       Ao encorajar os cristãos a concentrarem-se principalmente na colaboração para ajudar os outros, entendeu-se que eles formariam rapidamente vínculos sociais e organizacionais que se tornariam mais fortes do que o conteúdo da fé que professavam. Os cristãos foram ensinados a se concentrarem na justiça social como o principal objetivo de sua resposta a Deus, o que permitiu a substituição da espiritualidade cristã tradicional por uma versão mundana e materialista do cristianismo. Servir o nosso próximo sempre foi um conceito cristão fundamental, mas agora passou a ser o principal objetivo do cristianismo. Desta forma, qualquer objeção levantada sobre diferenças doutrinais poderia ser retratada como disruptiva, criando uma desunião que ameaçaria a ação social dos ecumenistas.

       Um outro exemplo de como as grandes corporações estão promovendo essa agenda é o caso de Rick Warren e sua Coalizão da Paz. Warren, outro membro do Conselho Sobre Relações Exteriores, foi o ministro protestante convidado a rezar na inauguração presidencial de Obama e foi descrito pela CNN como "pastor da America". Warren produziu uma versão contemporânea da idéia do evangelho social em seu livro "The Purpose Driven Life" e, posteriormente, recebeu uma doação de dois milhões de dólares de Rupert Murdoch para promover sua visão: seu livro vendeu mais de trinta milhões de cópias nos EUA.

     O objetivo dessas organizações é redefinir o propósito de ser um cristão. Através do uso da nova linguagem ("tolerância" e "aceitação"), a insistência na verdade torna-se "divisiva" e até "sem amor". Mas a ortodoxia nos ensina que não é uma unidade feita pelo homem que Deus deseja, mas uma fundada em uma fé comum na verdade revelada de Cristo. Não podemos criar a unidade entre os diferentes grupos cristãos, fingindo que não existem diferenças. A própria idéia de criar uma utopia na Terra é equivocada na melhor das hipóteses, mas a compreensão ecumênica da "união" é falsa. Assume-se que a Igreja está dividida e exige que se reúna como uma única. Isso contradiz o ensino ortodoxo de que a Igreja de Cristo foi criada no Pentecostes através da descida do Espírito Santo e permanece uma até a segunda vinda de Cristo. Aqueles que se separaram da Igreja não criaram "igrejas" adicionais, simplesmente deixaram a Igreja. O dom divino da unidade da Igreja não precisa de restauração, a Igreja continua na plenitude de sua fé e vida sacramental. Diante dessa doutrina, os protestantes criaram uma nova teologia capaz de satisfazer seu desejo de acreditar na participação contínua deles na Igreja de Cristo. Esta é a "Teoria dos Ramos", uma afirmação de que as milhares de seitas protestantes com suas doutrinas diferentes são todas ramos que crescem a partir de um só tronco. Esta heresia também foi rejeitada pelos católicos romanos até que eles adotaram sua nova eclesiologia no Vaticano II, que reconheceu esses outros grupos como "igrejas". Para que uma união existisse entre essas muitas denominações, foi necessário reduzir a fé cristã ao seu menor denominador comum sobre o qual os grupos poderiam estar todos de acordo: enquanto a Ortodoxia ensina a natureza essencial da plenitude da verdade revelada, o ecumenismo exige que se abandone aquelas doutrinas que identifica como "secundárias" e não essenciais para a salvação.

Oração Ecumênica em Assis, 1986

     Isso permitiu que os ecumenistas evitassem a incoerência do protestantismo e achassem um acordo sobre o esquema do que foi compartilhado. Mas esta destruição da fé também possibilita o próximo passo na agenda ecumênica: o alargamento desta "união" além das seitas cristãs para abraçar as pessoas de todas as fés. Uma vez que o tipo de cristianismo que é adotado dentro do W.C.C. é desprovido da verdadeira doutrina cristã, tornou-se muito mais simples dar um salto à idéia de um impulso espiritual compartilhado experimentado em diferentes formas e crenças. O W.C.C agora proclama abertamente sua missão como sendo responder à natureza multifacetada e pluralista da crença religiosa, e seu objetivo é estabelecer uma nova comunhão de todos os seres humanos, não apenas dos cristãos. A conseqüência tem sido uma série de estudiosos contemporâneos católicos e protestantes questionando a necessidade absoluta da fé cristã para a salvação: de fato, muitos começaram a sugerir que a cristologia tradicional pode ser uma barreira ao diálogo pleno e aberto com outras religiões. Em janeiro de 2016, o Vaticano lançou um vídeo em que o Papa Francisco negou as diferenças essenciais entre as religiões, afirmando que todas as religiões do mundo estão "buscando Deus ou conhecendo Deus de maneiras diferentes". O vídeo inclui gravações de representantes de diferentes religiões e o Papa passou a descrever o fundamentalismo cristão como uma "doença" que negava a semelhança essencial de todas as religiões.

       A união de todas as religiões é mencionada por extenso no livro do padre Serafim Rose, Ortodoxia e a religião do Futuro, mas as coisas progrediram de forma rápida e dramática desde que escreveu. Uma união de todas as religiões é falada abertamente por organizações internacionais. A União Européia está financiando um projeto chamado "Alma para a Europa" que sustenta que nenhuma religião deve ser considerada como tendo "mais verdade" do que qualquer outra, e que, assim como é ensinado na Maçonaria, todas as religiões possuem grãos de verdade que podem nutrir nossas vidas espirituais. Esta falsa religião busca a falsa espiritualidade dos gnósticos e dos cultos de mistérios; sustenta que todas as religiões têm a mesma fonte e objetivos.

     É interessante notar que uma das principais pontes entre muitos católicos romanos e protestantes tem sido o movimento carismático. Este fenômeno oferece aos cristãos de qualquer seita a oportunidade de ignorar o eu intelectual no que afirma ser uma experiência poderosa do Espírito Santo. Ao contrário dos relatos tradicionais e bíblicos da obra do Espírito Santo, os carismáticos não precisam lutar com questões de falsidade ou verdade, nem são levados ao arrependimento, mas sim gozam de estados de exaltação e exibem "sinais" de seu encontro espiritual. Na verdade, podemos ver as mesmas manifestações desses estados em muitas religiões pagãs ao redor do mundo, e qualquer que seja o espírito que esteja entrando nelas, certamente não é o Espírito Santo. Mas os católicos romanos e os protestantes tomam essa experiência como prova de que Deus está chamando as pessoas para além das divisões doutrinárias, e é tomado como prova de que Deus está chamando os cristãos para um novo tipo de unidade. Essa confiança nos espíritos é destrutiva, baseia-se na ignorância e na tolice de seus seguidores que assumem que todas as experiências espirituais devem ser boas, que os sentimentos de exaltação não podem ser provenientes de outra fonte além de Deus. Quando vemos carismáticos latindo como cães e agindo como intoxicados (porque foi assim que deve ter sido no Pentecostes!), só podemos estremecer com a trapaça do diabo. Como veremos em um capítulo posterior, estas são manifestações da fraude da Nova Era que varreu inteiramente o mundo ocidental.

Orthodoxy and the Kingdom of Satan,
livro do Pe. Spyridon Bailey
      Que o movimento ecumênico, e especificamente o Conselho Mundial de Igrejas, faz parte do ataque da Maçonaria à Ortodoxia, ainda pode parecer fantasioso para alguns. Então, considere o que os próprios maçons já declararam abertamente, mas que agora eles negam ou tentam esconder. Na edição de 1962 da revista maçônica Le Symbolisme, lemos: "Não deixe as pessoas dizerem - meus irmãos - que a Maçonaria é a contra-igreja. Esta era apenas uma frase adequada à ocasião; basicamente, a Maçonaria quer ser uma super-igreja que reunirá todas as igrejas no seu seio".

      O fundamento para esta super-igreja não é uma única fé compartilhada, mas que, através da tolerância e do respeito das doutrinas uns dos outros, os cristãos enxergarão sua conexão e lealdade ao grupo como mais importantes que suas crenças. Observando a nova eclesiologia estabelecida no catolicismo romano através do Vaticano II, o maçom Yves Marsaudon resumiu esta filosofia como Unidade na diversidade: uma frase que poderia ter sido facilmente cunhada pelo W.C.C. O objetivo final de uma única religião mundial nunca está longe dos escritos maçônicos sobre religião.

      O movimento carismático reflete esse ideal maçônico, é o estabelecimento de uma experiência comum que é capaz de ser compartilhada com pessoas de qualquer fé. A literatura maçônica aponta para uma experiência religiosa final chamada teurgia, que é uma forma de espiritismo que tem suas origens em cultos egípcios que afirmam oferecer comunhão com deidades invisíveis.

      Ao expor as pessoas a uma experiência intensa e profundamente "religiosa", a intenção é tornar os sentimentos do indivíduo mais importantes do que a verdade revelada da Igreja. Hoje, vemos uma crescente ênfase em nosso sentido interior da verdade, as crianças são ensinadas nas escolas para encontrar uma satisfação interior e aqueles do tipo Oprah Winfrey abraçaram esse dogma por décadas. A nova consciência foi cuidadosamente trabalhada no Ocidente para preparar as pessoas para essa religião comum, mas ela só pode ser bem sucedida quando uma maioria suficiente de pessoas abandonarem o cristianismo autêntico. Ao analisarmos a natureza mutável do anglicanismo e as várias formas ocidentais do cristianismo, não é alarmista sugerir que a tarefa está quase concluída.

      Devemos ver o ecumenismo e o movimento carismático como enraizados no paganismo, o paganismo da Maçonaria, como Marsaudon escreveu: "O ecumenismo é o filho espiritual da Maçonaria". Através do uso de uma terminologia atraente, como a paz mundial e amor fraternal, a consciência dos cristãos é subjugada, aceitando práticas pagãs, e aqueles que se opõem são rotulados de zelotes e fanáticos. Ao tornar o próprio homem o árbitro final da verdade, e através da sutil inclusão dos rituais dos cultos de mistérios, o "deus" que é adorado não é a Santíssima Trindade.

      Para muitos cristãos ortodoxos, a situação é complicada pela aparente aprovação do ecumenismo por alguns bispos. Por isso, agora vamos nos concentrar em como o ecumenismo foi tratado pela Igreja Ortodoxa e as advertências que foram emitidas pela comunidade monástica do Monte Athos.

      Até o século XIX, a Igreja Ortodoxa seguiu, unânime e inequivocamente, o ensinamento apostólico e patrístico de que a Igreja Ortodoxa é a Igreja una, católica e apostólica, que por sua vez professa a plenitude de fé revelada ao homem necessária para a salvação. Em 1865, as primeiras sementes de mudança foram plantadas quando a liderança da Escola Teológica em Haiki foi dada a Filotheos Vrynios que estudou teologia na Alemanha. A mudança pode ser rastreada nos credos dogmáticos publicados a partir deste momento, que adotam uma postura muito mais aberta para o ocidente heterodoxo. Os ensinamentos da escola refletiam os de Phanar e marcaram uma mudança decisiva na atitude em relação a Roma e ao papado. Existem três documentos principais, publicados pelo Trono Ecumênico em 1902, 1920 e 1952, que refletem, mas também estabelecem a mudança de perspectiva: consideremos brevemente cada um deles.

    A Encíclica do Patriarca Ecumênico (1902) instituiu um novo tom em sua atitude ao ocidente, que permitiu que Phanar reconhecesse o movimento ecumênico como um fenômeno positivo. Mas, mesmo neste documento, os heterodoxos ainda eram referidos como "gavinhas", eles não eram elevados ao status de "igrejas" até a Encíclica de 1920, que foi a primeira vez que o Patriarca Ecumênico de Constantinopla havia abordado grupos heréticos como tal, e que permitiu uma nova mudança. A Encíclica declara que as diferenças dogmáticas não devem ser barreiras à comunhão entre os ortodoxos e os heterodoxos. Em um único golpe, o sangue de inúmeros mártires foi declarado derramado em vão, e as palavras de São Paulo foram ignoradas: "que comunhão pode ter a luz com as trevas?" (2 Cor.6). O documento afirma que o "amor entre as igrejas" exige que os ortodoxos não façam nenhuma tentativa de converter o heterodoxo, uma vez que só criará "amargura". A base para essas relações é claramente não entrar no diálogo para compartilhar a fé ortodoxa, mas para comprometer a doutrina a fim de que uma união mundana possa ser estabelecida. Em 1948, a "Resolução da Conferência em Moscou contra o papismo" declarou o papismo "anti-cristão" e os ensinamentos patrísticos sobre Roma foram confirmados. No entanto, em 1952, o Patriarca Ecumênico estava disposto a ratificar a adesão ortodoxa ao W.C.C. sob o disfarce de "transmitir-lhes a riqueza de sua fé, culto e organização". Podemos traçar esse fio até 1993, quando a infame decisão de Balamand foi tomada para reconhecer a heresia de Roma como uma "igreja irmã" (essa afirmação nunca foi aceita pelos ortodoxos, exceto pela Igreja Ortodoxa da Romênia). Nestes poucos documentos, vemos o crescimento do sincretismo que resultou na recusa em Balamand para condenar heresias; vemos a mão da Maçonaria em trabalho, mesmo na Igreja de Deus.

    Em face de tudo isso, houve numerosas vozes ortodoxas que se manifestaram em oposição a essas tendências ecumênicas. Devemos nos concentrar em duas: as respostas do Monte Athos e uma poderosa carta dirigida ao papa Francisco escrita por dois bispos gregos que articula a voz tradicional da Igreja.

     Em abril de 1980, houve uma "Conferência Conjunta Extraordinária da Sagrada Comunidade no Monte Athos". O objetivo era abordar o envolvimento ortodoxo no movimento ecumênico com particular referência aos diálogos com os católicos romanos. No documento publicado, a posição ortodoxa ficou clara: os cristãos heterodoxos do ocidente "perverteram a fé do evangelho" e que essas confissões fora da ortodoxia são "privadas da graça santificadora, dos verdadeiros mistérios e da sucessão apostólica". Como São Basílio, o Grande também disse: "Aqueles que apostataram não têm mais sobre eles a graça do Espírito Santo". Portanto, os pais athonitas concluíram, o diálogo com os heterodoxos deve ter apenas um objetivo: permitir que os hereges retornem à Igreja Ortodoxa. A declaração também enfatizou que não deve haver oração comum ou serviços conjuntos entre os ortodoxos e os heterodoxos até que a unidade da fé seja alcançada. Fazer isso só arrisca confundir os fiéis que podem começar a imaginar uma paridade entre eles. Esta declaração foi assinada por representantes de todos os vinte mosteiros de Athos que marcaram seu afastamento da influência do secularismo e da "teologia ocidental escolástica".

    Em 1999, a Comunidade Santa considerou necessário enviar uma carta ao Patriarca Bartolomeu de voz de alarme em relação as ligações crescentes entre o Patriarca Ecumênico e o Papa. Rejeitando a reivindicação do Papa João Paulo de Roma e a Ortodoxia como sendo os "dois pulmões" da Igreja, os pais lembraram ao patriarca que qualquer união com Roma seria falsa, enquanto a última se mantivesse em suas doutrinas heréticas. Os pais declararam que "é totalmente impossível considerar a Roma heterodoxa, como sendo uma das mais santas igrejas locais Ortodoxas" e que a participação do patriarca na oração comum pan-religiosa foi causa de sofrimento para a Comunidade Santa. Reconhecendo o verdadeiro resultado do ecumenismo, os pais acrescentaram: "A oração comum está contra os mandamentos do Antigo e do Novo Testamento e dos Cânones Sagrados, pois prepara o caminho para a pan-religião da chamada "Nova Era"."

     Em 2014, dois bispos gregos, Andrew de Dryinoupolis, Pogoniani e Konitsa e Serafim de Piraeus e Faliro escreveram ao Papa para chamá-lo ao arrependimento de seus erros e lembrá-lo das heresias de Roma. Primeiro, deixaram claro que o papismo romano não é uma "igreja", mas uma organização mundana governada pelo Papa. Isto, segundo os bispos, não era tão diferente do que aquilo que o diabo ofereceu a Cristo no deserto: um domínio terreno em troca da fidelidade a ele. Chamaram-no para renunciar aos erros teológicos de Roma: a) o Filioque; b) graça criada; c) infalibilidade papal; d) o batismo por aspersão e sua separação da crismação; e) o uso de pães ázimos na Liturgia; f) a recusa de dar comunhão a crianças; g) o dogma da imaculada conceição da Theotokos; h) a crença no purgatório; i) crença nos méritos superabundantes dos santos; j) o celibato compulsório do clero; k) a interpretação legalista do "pecado original"; l) a rejeição da Sagrada Tradição; m) o caráter jurídico do mistério da confissão e n) o uniatismo que tem sido causa de tantos sofrimentos dos povos ortodoxos.

     Os bispos apontam para a eleição do Papa Francisco como sendo a vontade dos órgãos internacionais preocupados com a situação financeira na América do Sul que pretendem usar suas intervenções para garantir que seus próprios interesses sejam protegidos. Atrás desses órgãos estão os maçons que anteciparam abertamente sua nomeação, como o Grão Mestre G. Raffi declarou: "Com o Papa Francisco, nada será como era antes. É uma clara escolha da fraternidade para uma Igreja de diálogo". Os bispos continuam a referir ao ecumenismo como a "religião de Lúcifer" e rejeitam qualquer falsa união com "igrejas"que não abandonam suas heresias. A verdadeira intenção de Roma é revelada em uma das chamadas revelações de "Nossa Senhora de Fátima", que prometeu aos fiéis romanos que "o Santo Padre consagrará a Rússia para mim". Essa negação da fé da Rússia ortodoxa revela a verdadeira natureza dessas visões e a extensão do engano de tantos cristãos sob o jugo de Roma.

     Houve muitos ataques à Igreja ao longo dos séculos de sua existência, e muitas vezes o pior deles veio de fora dela. Mas, com o ecumenismo, vemos a Igreja sendo atacada por dentro: enquanto afirmam "unir a Igreja", os ecumenistas dividem-na. Ou melhor, eles ameaçam separar os cristãos dela, já que o Corpo de Cristo não pode ser dividido (embora possa ser ferido). Ao atacar a compreensão da Igreja sobre si mesma, o movimento ecumênico mina seus fundamentos para enfraquecê-la antes da vinda do anticristo. Vemos o espírito do ecumenismo em muitas áreas da vida humana; é fruto do relativismo, fruto do pluralismo que nega a verdade objetiva.

     Sem discriminação ou "teste dos espíritos", muitos cristãos bem-intencionados estão misturando falsas crenças e práticas em sua fé (lembremos que a ortodoxia significa verdadeira crença e prática). Os séculos viram muitos mártires morrerem em sua recusa de negar a Cristo, mesmo de forma mínima, mas hoje o ataque de Satã é oculto, e o mal é retratado como se fosse o bem,  enquanto o bem é retratado como o mal. Nenhum cristão pode existir isoladamente; nossa vida depende da nossa participação no Corpo de Cristo. Onde o ecumenismo prevalece, a verdade é perdida e o indivíduo é cortado da árvore, sem frutos. Mas não devemos desanimar nem ter medo, lembremos as palavras de São João Crisóstomo, que diz: "Nada é mais forte do que a Igreja ... se você lutar contra um homem, você vence ou é vencido; mas se você lutar contra a Igreja, não é possível você vencer, pois Deus é o mais forte de todos" (de sua homilia antes de ser exilado).


Do livro Orthodoxy and the Kingdom of Satan, Pe. Spyridon Bailey

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