sábado, 23 de dezembro de 2017

Pe. Sergius Labunsky, ex-Católico Romano: "Eu saí da Igreja Católica jurando nunca mais voltar"


A seguinte entrevista foi realizada no programa de televisão "Meu Caminho para Deus", onde o padre George Maximov entrevista pessoas que se converteram à Ortodoxia depois de buscarem a verdade por um longo tempo. Hoje, o convidado do programa do padre George é o padre Sergius Labunsky. O interesse de sua adolescência pela Europa medieval levou-o inicialmente a Igreja Católica e até a um mosteiro católico, mas, eventualmente, encontrou o caminho para a verdadeira fé Ortodoxa. Nesta entrevista, o padre Sergius nos fala sobre sua jornada para a Ortodoxia e as coisas que ele não encontrou no Catolicismo. Também discutiremos as realidades do Catolicismo moderno e a importância das tradições cristãs praticamente abandonadas pelos Católicos.

Pe. Sergius Labunsky

Pe. George Maximov: Olá. Você está assistindo Meu Caminho para Deus. Hoje, nosso convidado é o padre Sergius Labunsky da região de Moscou. Padre Sergius, por favor nos conte como sua jornada para a fé começou?

Pe. Sergius Labunsky: Obrigado, Pe. Depois de todos os meus anos como membro da Igreja, eu posso olhar para trás e dizer que meu caminho foi espinhoso e tortuoso. No entanto, durante esta jornada recebi ajuda do meu amável antepassado Hieromártir Theodor (Kryukov). Ele era meu bisavô e tenho certeza de que ele orou por mim e me tirou de muitos problemas de vida.

Nasci em uma família regular de intelectuais soviéticos. Nunca foram interessados na Igreja e não sabiam nada sobre. Em geral, eles tinham uma boa consideração pela religião, mas era algo que estava em algum lugar além dos interesses da minha família.

Pe. George: Você sabia então que seu antepassado foi um padre?


Pe. Sergius: Claro, quando cresci, eles me disseram que nós tínhamos um padre entre os nossos antepassados, mas só isso. Depois que eu me tornei padre, comecei a procurar informações e encontrei muitos fatos sobre meu antepassado. Atualmente, a Diocese de Smolensk está preparando sua canonização. No entanto, quando eu era criança, não sabia nada sobre ele e, basicamente, cresci sem saber absolutamente nada sobre religião. Minha mãe acreditava que você tinha que tentar muitas coisas na vida e então depois tomar uma decisão. Por isso, eles não me afastaram da Igreja, nem me empurraram para ela. Provavelmente era a coisa certa para mim, porque conhecendo minha natureza rebelde, tenho certeza de que, se eles me forçassem a ir à igreja, orar e jejuar, provavelmente não me tornaria religioso mais tarde. Fui atraído pelo caráter mistério da Igreja e o fato de que tudo me parecia tão estranho. Era um mundo totalmente diferente com pessoas diferentes ... Até mesmo a iluminação era diferente da iluminação na rua ou do nosso apartamento. Claro, eu realmente gostei de tudo.

No entanto, não tinha interesse pela religião até os 14 anos, embora minha avó tentasse regularmente me levar para a igreja. Bem, por "regularmente" quero dizer, uma vez por ano, no melhor dos casos. Eu até me lembro que ela me levou para a Igreja de Todos os Santos no Distrito de Sokol [de Moscou]. Quando eu, um menino, entrei na igreja, o ambiente realmente me surpreendeu. Gostei muito do espaço pouco iluminado com imagens de santos e muitas pessoas em pé silenciosamente diante de um sacerdote muito digno. No entanto, essas ocasiões foram como episódios etéreos raros em minha rotina mundana. Pouco a pouco, eles estavam enchendo meu coração, mas ainda não havia resultados.

Pe. George: Você disse que isso continuou até você ter quatorze anos. O que aconteceu quando você chegou aos quatorze?

Pe. Sergius: As pessoas da nossa idade provavelmente recordam que na década de 1990 exibiam a série de Highlander na TV. Isso pode soar estranho, mas esse show formou meus dois principais interesses na vida. Em primeiro lugar, o misticismo e, em segundo lugar, a história, já que este show sempre tinha alguns episódios sobre o passado distante. O segundo aspecto importante do meu desenvolvimento como cristão foi o fato de eu ter começado ... a matar aula. Para ser sincero, não gostava da escola e não conseguia estabelecer uma boa relação com os meus colegas, então eu simplesmente comecei a faltar. No começo, eu ficava nos ônibus porque era quente lá, e eu podia sentar-me silenciosamente sem ser incomodado. Então chegou o inverno e os condutores começaram a verificar os bilhetes dos passageiros. Obviamente, eu estava andando sem bilhetes, então pensei: "Onde posso sentar em um lugar quente e seco sem ser incomodado por ninguém?" E eu tive uma idéia: "Eu deveria ir para a biblioteca!" Então, os últimos três anos de escola eu estava matando aula para ir para a biblioteca. Curiosamente, durante esses três anos, nenhum bibliotecário nunca me perguntou o que estava fazendo lá, mesmo que eu estivesse lá durante o horário escolar.


Pe. George: Claro. Quem pensaria que um aluno que mata aula ignoraria a escola para ir a uma biblioteca! (risos).

Pe. Sergius: Na verdade, ninguém pensaria nisso. Na biblioteca, comecei a ler ficção, mas logo eu me aborreci. Eu queria algo mais realista, algum alimento para pensar. Como eu já estava seriamente interessado em misticismo e história, isso era o que eu estava lendo durante esses três anos. Essa biblioteca tinha um ambiente muito informal, então você poderia vir, pegar qualquer livro e sentar-se lá, lendo o tempo que você quisesse. Encontrei um assento perto da seção de livros religiosos e comecei a ler os livros um após o outro. Naturalmente, eles tinham livros de tudo, incluindo Budismo, Islã, Libertinismo e, claro, Cristianismo. Como uma pessoa apaixonada por seus interesses, fiquei realmente cativado pelos livros que estava lendo. Ou seja, quando eu estava lendo sobre o budismo, eu pensava: "Isso é ótimo! Provavelmente sou um budista. Tudo o que escrito aqui parece certo". Então eu lia um livro sobre o Islã e pensava: "Não, tudo está nas mãos de Allah, é claro". Depois de ler um livro sobre Libertinismo, pensava: "Oh, ninguém liga pra todas essas religiões ... "

Eventualmente, o que me ajudou a mudar essa atitude "tudo é igual" foi meu amor pela história. Eu amava especificamente a história da Europa medieval que era inseparável do cristianismo e do catolicismo. Isso me ajudou a tomar uma decisão, priorizar meus interesses e escolher inequivocamente o cristianismo. No entanto, escolhi a versão católica do cristianismo, porque amava a história da Europa, em vez da Rússia ou da Grécia. Eu estava uma situação espiritual bastante complicada, porque entendi o que gostava e onde queria estar, mas ao mesmo tempo sabia que fui batizado na Ortodoxia quando era criança, então me considerava Ortodoxo, mesmo que eu não conhecesse nada sobre a Ortodoxia. Eu me sentia estranho pois, sendo Ortodoxo, eu queria ser Católico.

Eu fiquei em cima do muro por cerca de seis meses e então eu decidi e fui a uma Igreja Católica. Em primeiro lugar, fui à Igreja de São Luís em Moscou, depois à Catedral Católica da Imaculada Conceição. Encontrei minha primeira surpresa agradável lá. Como você sabe, concertos de música de órgãos são regularmente realizados naquela catedral. Era uma noite de inverno e já estava escuro quando entrei na catedral vazia. Eu realmente gostei das abóbadas góticas que desapareciam na escuridão e os sons do órgão (o organista provavelmente estava ensaiando para o show do outro dia). Sentei no banco e pensei: "É isso, nunca mais partirei. Eu pertenço aqui." Depois disso, encontrei a força para dar o passo decisivo em direção ao Catolicismo. Eu me tornei Católico.

É uma história bastante longa, pois se tornar Católico aqui na Rússia não é tão fácil. Mais tarde, fiquei interessado no Catolicismo, não apenas como uma certa filosofia da vida, mas queria obter uma compreensão profunda e entrar naquele mundo místico e incrível. Eu queria me tornar um padre católico.

Pe. George: A questão do celibato não incomodou você?

Pe. Sergius: Não. De alguma forma, aceitei com bastante facilidade. Eu tinha um objetivo e estava me movendo em direção a ele. Como sempre gostei das ordens militares monásticas e da ideia de ser "amável porém forte", encontrei a Ordem Dominicana, a única ordem existente naquela época em Moscou, e comecei a conversar com os dominicanos, embora não gostasse muito deles. Eu desejava algo real, e não algo substituto. Depois de conversar com o padre Alexander Khmelnitsky da Ordem Dominicana, decidi que queria ir a um mosteiro dominicano. Ele me deu uma carta de referência e fui a Fastov, uma cidade a 60km a sudoeste de Kiev, onde por um tempo vivi no Mosteiro Dominicano como postulante ou como chamamos de "noviciado". Para ser sincero, essa foi a obediência mais agradável que já tive, pois não precisava fazer nada. Eu simplesmente fiquei numa cabana em um pomar e comia damascos. Era isso.

Pe. George: Você experimentou essa profunda compreensão do mundo Católico que você ansiava?

Pe. Sergius: Sim, porque eu observei mais de perto a vida rotineira do clero e aprendi sobre a tradição Católica. Embora fosse uma tradição Católica moderna. Devemos entender claramente a diferença entre a tradição Católica antes do Concílio Vaticano II e a neo-tradição que se formou após este concílio, pois este importante marco histórico mudou radicalmente o Catolicismo. Meu interesse pelo Catolicismo começou a desaparecer depois que eu fui com um grupo de católicos em uma peregrinação ao ícone de Nossa Senhora de Częstochowa.

Pe. George: Na Polônia?

Pe. Sergius: Sim. A peregrinação ao ícone de Nossa Senhora de Częstochowa no mosteiro de Jasna Góra é uma antiga tradição polonesa. Milhares de pessoas de várias cidades da Polônia caminham até o mosteiro para venerar este ícone. Meu grupo levou duas semanas para chegar lá. Quando meus amigos me convidaram para ir lá, eles disseram: "Você deve ir para lá. Você não será a mesma pessoa quando você retornar." De fato, eles estavam certos: eu não era o mesmo quando eu voltei. Infelizmente, eu mudei numa maneira que eles não esperavam. Durante a minha peregrinação, pude ver Catolicismo real num país tradicionalmente católico onde não era fortemente influenciado pela Ortodoxia como na Rússia ou na Ucrânia. Para meu grande arrependimento, tenho que admitir que foi muito desagradável. Todos os dias tínhamos tempo de recreação. Depois de caminhar por um dia, chegamos a uma área povoada e os habitantes locais nos levariam para suas casas para passar a noite. Aqueles que não conseguiram encontrar um lugar para ficar passariam a noite numa tenda em algum lugar no campo. Depois de encontrar acomodações para a noite, nos reunimos na igreja para uma missa e depois da missa haveria tempo de recreação. Você sabe o que isso significava? As pessoas tiravam os bancos do local, formando uma pista de dança, colocavam música pop e então os sacerdotes e peregrinos começavam a dançar ...

Pe. George: Bem ali na igreja?

Pe. Sergius: Sim, ali mesmo na igreja. Fiquei chocado. Quando isso acontecia em igrejas neo-construtivistas, eu tolerava, mas quando eles tiveram a coragem de fazer o mesmo numa igreja do século XII com a fundação romana e o telhado gótico, um edifício com uma história tão antiga ... isso realmente me fez contorcer e eu saí da igreja jurando nunca mais voltar. Meu amigo correu atrás de mim e conseguiu me acalmar de alguma forma, mas foi o começo do fim do meu Catolicismo. A partir desse momento, em vez de olhar para o Catolicismo através de uma lente otimista ou através do prisma do meu amor pela Idade Média, comecei a ver o que o catolicismo realmente era. A Igreja Católica hoje é uma igreja de renovacionismo triunfante, onde muitas tradições foram abandonadas e esquecidas. Muitas coisas que eram consideradas valiosas por vinte séculos foram simplesmente declaradas desnecessárias no final do século XX e início do século XXI. Em particular, um dos monstruosos desastres espirituais do catolicismo foi o Concílio Vaticano II que radicalmente reformou todo o Catolicismo de maneira Protestante.

Infelizmente, isso, antes de tudo, afetou a piedade dos fiéis. Por exemplo, era bastante normal que os peregrinos católicos deixassem suas mochilas no altar. Não consigo imaginar isso acontecendo na Ortodoxia. Nossa atitude em relação ao altar é tão reverencial, que mesmo o padre não ousaria colocar seus óculos ou um livro de oração sobre ele. É só para as coisas que devem ficar lá.

Naturalmente, fiquei muito chateado com esse desrespeito por suas próprias tradições e sua antipatia em relação às coisas antigas que eu realmente amava no Catolicismo.

Pe. George: É estranho ouvir isso sobre a Polônia, porque a Polônia tem uma reputação estabelecida de um país que tenta preservar as tradições do Catolicismo e mantê-las mais ou menos vivas em comparação com países católicos como, por exemplo, a Áustria.

Padre Sergius: Na verdade, isso tornou minha preocupação ainda maior, pois se coisas assim estavam acontecendo na Polônia, o que aconteceria na França, na Áustria e em outros países?! Comecei a entender que o único caminho para mim era voltar para a Ortodoxia, porque a continuidade das tradições era muito importante para mim. A compreensão correta do cristianismo é impossível sem a tradição viva. Nossa experiência de ter a Igreja por 2.000 anos é o maior tesouro que temos. Dói-me muito quando tais tradições são rejeitadas, negadas ou mesmo descartadas. Foi assim que decidi inequivocamente voltar para a Ortodoxia.

Devo dizer que naquela época muitas das minhas ações se baseavam em minhas emoções e eu não estava muito preocupado com a teologia dogmática, simplesmente porque não entendia o suficiente para levar em consideração as questões como Filioque ou da primazia papal. Minhas ações eram principalmente baseadas em meus sentimentos pessoais, minhas impressões sobre o Catolicismo e o fato de que não consegui encontrar as coisas que eu inicialmente ansiava. Mais tarde, depois de deixar o mosteiro dominicano, caí em algum tipo de vácuo espiritual, porque já havia deixado o Catolicismo, mas ainda não havia chegado a Ortodoxia.

Pe. George: O que estava em seu caminho?

Pe. Sergius: O fato de eu nunca ter conhecido ou entendido a Ortodoxia. Durante esse período, obtive uma grande ajuda de algumas pessoas muito agradáveis que estavam interessadas nos Ritos Romanos da Ortodoxia. Este é um assunto muito específico e poucas fontes cobrem, mas existem Ritos Romanos na Ortodoxia. Além disso, eles foram iniciados pela nossa Igreja Ortodoxa Russa do Patriarcado de Moscou.

Pe. George: Quando aceitou as paróquias francesas em 1936. Eventualmente, os "ritos ocidentais" se tornaram mais populares nos Estados Unidos da América. Houve algumas tentativas de apresentá-los na Europa, incluindo aqueles apoiados por São João (Maximovich), mas não tiveram muito sucesso. No entanto, esses ritos foram aceitos nos EUA e eles ainda são praticados em várias jurisdições.

Padre Sergius: Sim, isso é verdade. Eu sei que existem muitas paróquias como essa nos EUA e na Austrália. Curiosamente, eles usam a missa anglicana alterada ...

Padre George: ... "O Livro da Oração Comum".

Padre Sergius: Exatamente. Foi editado por Sua Santidade Patriarca Tikhon e é por isso que se chama Liturgia de São Tikhon. Algumas paróquias usam os ritos romanos tradicionais pré-reforma, a chamada Missa Tridentina. De qualquer forma, conheci essas pessoas agradáveis ​​que estavam muito interessadas nisso e, em essência, me ajudaram na minha conversão à Ortodoxia. O objetivo inicial da pessoa que estava em tudo isso era converter pessoas do Catolicismo a Ortodoxia. Ele dava aos Católicos a oportunidade de conhecer a Ortodoxia através dos meios que lhes era compreensível. Depois de falar com esse homem, obtive uma compreensão mais profunda da Ortodoxia. Ele me disse: "Você definitivamente deveria atender aos serviços no Mosteiro Sretensky", então eu fui à vigília a noite. Foi longo e confuso, mas, no entanto, interessante. Passo a passo, acostumei-me aos Ritos do Oriente. Isso me levou à Ortodoxia genuína, Ortodoxia oriental. Sentindo a verdadeira fome espiritual e a necessidade de fazer parte de uma verdadeira comunidade Ortodoxa, fui à igreja mais próxima. Era a igreja de São Nicolau em Klenniki na rua Maroseyka. Foi aí que entrei na vida da Igreja e comecei minha vida espiritual normal. Lembro-me de confessar a um padre lá, que deixou de lado todos os seus assuntos e me ouviu durante duas horas e meia. Ele me deu a absolvição e, basicamente, me deu boas vindas a Ortodoxia através do meu arrependimento, e só depois disso ele continuou com seus afazeres.

Isso me fez sentir bem e fiquei feliz naquela paróquia a partir daquele momento. Foi aí que eu comecei a entrar na vida da Igreja e a aprender mais sobre a Ortodoxia. Eu não queria mais algo único, algo extraordinário. Meu desejo de chocar o público desapareceu com minha adolescência. Agora eu queria algo real, algo que eu poderia usar como uma base confiável para o meu futuro.

Depois de ir a essa paróquia por um tempo, decidi que queria me tornar um padre Ortodoxo. Quando cheguei com isso ao meu pai espiritual, ele não ficou muito entusiasmado com isso, mas pensei: "Bem, ele não o proibiu, então tudo está bem." Preparei todos os documentos necessários para a admissão ao seminário, exceto a benção escrita do meu pai espiritual. No entanto, quando me aproximei dele e pedi, ele disse: "Não vou te dar." "Por quê?", perguntei. Ele disse: "Não, não, não. Você conhece a paróquia apenas exteriormente, como paroquiano, mas você deve aprender desde o interior. Por que você não trabalha como um vigia aqui na igreja, e então veremos".

Naquela época, eu estava trabalhando como web-designer e visualizador 3D. Eu estava muito ocupado e tinha um bom salário. Essa mudança brusca quando abandonei um trabalho decente e comecei a trabalhar como um vigia na igreja foi um choque para minha família não-religiosa. Depois que um ano se passou, nosso padre Alexandre Kulikov na reunião do clero de nossa igreja tomou a decisão de aprovar minha candidatura ao seminário. Fui enviado ao seminário de São Nicolau em Pererva.

Pe. George: Pe., quero fazer uma pergunta que tenho certeza de que alguns de nossos espectadores, especialmente os Católicos, gostariam de perguntar. Eles diriam: "Então este homem viu o lado imperfeito da vida católica, ficou desiludido e se converteu a Ortodoxia. Por acaso todos Ortodoxos são santos? Não há pessoas Ortodoxas que pecam? Claro, existem. Então, por que isso não faz você sair da Ortodoxia, se coisas semelhantes fizeram você sair do Catolicismo?" Vamos esclarecer isso. O problema não era apenas com o comportamento de seus colegas de peregrinos, certo? Eu acho que houve alguns problemas sistêmicos. Estou certo?

Pe. Sergius: Sim, claro. Inicialmente, foi meu amor pelas tradições que me levou ao Catolicismo. Contudo, descobri que as tradições não eram observadas e que não havia respeito pelas antigas tradições Católicas. Isso me mexeu e finalmente me afastou do Catolicismo. Mais tarde, durante o papado do papa Bento XVI, havia algumas indicações de retorno às raízes e às tradições. Durante o papado do papa João Paulo II, quando eu era Católico, algumas tentativas também foram feitas para restabelecer as tradições. No entanto, entendi que mesmo esses passos em direção às tradições eram feitos puramente por razões modernistas, por causa da aceitação absoluta de tudo. De certa forma, eles só queriam dizer: "Nós temos esses dinossauros antigos, então deixe-os existir. Enquanto isso, continuamos tocando tambores durante a missa..." Eu vi com meus próprios olhos que durante uma missa de uma comunidade africana, as pessoas estavam em um círculo ao redor do altar e tamborilavam em tam-tams enquanto o padre estava realizando os ritos. Essa aceitação absoluta de tudo me mexia ainda mais do que as coisas que vi na Polônia.

Não vi o verdadeiro retorno às tradições no Catolicismo moderno. Quaisquer que sejam os passos feitos nessa direção são feitos puramente por causa de visões modernistas. No entanto, encontrei tradições na Ortodoxia, onde ainda são firmemente mantidas.

Não estou falando de traços pessoais negativos de certas pessoas, nem no Catolicismo (eles também têm muitas pessoas muito peculiares) nem na Ortodoxia. A questão é mais global. Em essência, é a questão da Igreja de Cristo. As coisas que foram consideradas normais durante vinte séculos de repente se tornaram anormais no Catolicismo moderno. Eles pensam que se eles destruírem ou refazerem todas essas coisas, eles atrairão mais pessoas... 

Pe. George: Com base em sua história, alguém poderia pensar que a questão da teologia dogmática não lhe interessava. No entanto, você mencionou que foi apenas em um determinado período. Você estudou as diferenças entre Catolicismo e Ortodoxia mais tarde?

Pe. Sergius: Sim, claro, mas nós estávamos falando sobre a jornada de uma pessoa a Cristo e Ortodoxia. Quando você fala sobre isso, você não deve esperar que uma pessoa tenha todo o conhecimento e compreensão desde o início. Eu admito que o início da minha jornada foi emocional e fiz muitas decisões com base em minhas emoções e não em raciocínio. Claro, o conhecimento veio mais tarde e agora posso analisar minhas antigas buscas espirituais. Naquela época, não conseguiria formulá-las para mim, e por isso a teologia dogmática não era a questão mais importante para mim. Eu sabia disso, é claro; eu sabia sobre o Filoque e outras nuances do Catolicismo. No entanto, era algo secundário para mim e eu não me aprofundei. Depois da conversão para a Ortodoxia, comecei a estudar a minha amada tradição muito mais intensamente e mergulhei nela com grande prazer. Agora, as questões dogmáticas tornaram-se mais importantes e, como eu já tinha mais conhecimento e experiência, percebi as coisas por mim mesmo e entendi claramente a retidão da Ortodoxia. [A Ortodoxia] Sempre se baseou nas decisões dos sete Concílios ecumênicos e nos ensinamentos dos apóstolos, dos pais apostólicos e de outros santos pais que viveram no primeiro milênio. Infelizmente, os Católicos modernos não têm isso. Ou seja, eles têm isso, mas os desenvolvimentos ocorridos após o cisma - no segundo milênio - são muito mais importantes para eles.

Pe. George: Eu entendo isso muito bem, porque quando eu estava na Itália, eu fui a Catedral do Apóstolo Pedro, em Roma. Eles têm relíquias de grandes santos lá, incluindo João Crisóstomo, Leão o Grande e Gregório o Diálogista; mas não havia pessoas perto delas. No entanto, havia uma longa fila de peregrinos perto do corpo de Francisco de Assis. Para mim, isso foi uma indicação clara de que mesmo o grande legado dos tempos cristãos antigos - que os Católicos realmente têm - não é importante para eles.

Obrigado, Pe., pela sua história. Espero em Deus que todos os que estão hoje na encruzilhada desejando encontrar a verdadeira tradição cristã encontrem com a ajuda de Deus como você fez.



18 comentários:

  1. Livro do séc.V "Commonitorium" de São Vicente de Lérins, nos mostra a montanha de heresias surgidas e combatidas pelos Pais da Igreja. Glória a Deus! que os Pais da Igreja tiveram o comportamento oposto ao do Padre Sergius. Batalharam contra as heresias e ideias profanas edificando a Igreja Católica.

    "Sabe que toda doutrina nova e nunca antes ouvida, insinuada por uma só pessoa, fora ou contra a doutrina comum dos fiéis, não tem nada a ver com a religião, mas que melhor constitui uma tentação, doutrinado nisto especialmente pelas palavras do Apóstolo Paulo: "É necessário que entre vós haja partidos para
    que possam manifestar-se os que são realmente virtuosos." (1Cor 11,19)
    Como se dissesse: Deus não elimina imediatamente aos autores de heresias, para que se manifestem os que são de uma virtude provada, ou seja, para que apareça em que medida cada um é tenaz, fiel, constante e nele mora a fé católica.

    E verdadeiramente, apenas um vento de novidades começa a soprar,imediatamente se vê como os grãos coalhados de trigo se separam e se distinguem da casca sem peso, e sem grande esforço é arrancado fora de lá o que não é sustentado por peso algum. "

    -"Commonitorium" de São Vicente de Lérins (capítulo: O verdadeiro católico e o herege pg.18).

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    1. Entre as falas desses "ex-catolicos" e os pais da Igreja, eu fico com os pais da Igreja. Afinal, padres como Santo Irineu de Lyon dizem que Roma está sede principal da Igreja, não Constantinopla. Abraços

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    2. Aliás, se vcs de fato lessem o que escreveram os pais da Igreja, saberiam que o "filioque" nunca foi uma invenção católica, mas sempre fora acreditado e aceito pelos padres, tanto latinos quanto orientais.

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  2. Estas "doutrinas novas e nunca antes ouvidas" não vieram de nós ortodoxos que guardamos a transmissão apostólica, patrística e canônica. Mas de vós católicos romanos que inventaram filioque, pão ázimo, papado monárquico, purgatórico, indulgências, etc.

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    1. Jesus usou pães ázimos na Santa ceia, qual o problema de usar pães ázimos que sempre foram usados pós latinos?! tortodoxo?! A Igreja de Cristo é CATÓLICA, não se limita só a tradição bizantino não

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    2. Filioque NUNCA foi uma doutrina inventada por nós Católicos! Embora, de fato, o termo não conste originalmente no Credo, a verdade da processão do Espírito Santo do Pai «e do Filho» já era crida e ensinada por toda a Igreja ocidental (fato não negado pelos ortodoxos).

      Entre os Padres latinos, podemos invocar: Santo Hilário de Poitiers (séc. IV), Santo Ambrósio de Milão (séc. IV), São Jerônimo (séc. V), o Papa São Leão Magno (séc. V), que a definiu como verdade revelada, o Papa São Gregório Magno (séc. VI).

      Santo Hilário, em 367:

      A quem julga que há diferença entre receber do Filho e proceder do Pai, respondemos que é certo que é uma só e mesma coisa receber do Filho e receber do Pai (De Trinitate VIII, 20, destaques nossos).

      Para o Santo de Poitiers, o Filho recebe do Pai a razão de proceder de Si o Espírito Santo:

      O Espírito da Verdade procede do Pai, é enviado pelo Filho e recebe do Filho, porém, como tudo que o Pai tem é do Filho, o Espírito que recebe dEle [o Filho] é o Espírito de Deus e Ele mesmo é o Espírito de Cristo. (…) Assim, já que o que é de Deus é também de Cristo e o que é de Cristo é também de Deus, Cristo não pode ser diferente dAquilo que Deus é. Cristo, portanto, é Deus e é um só Espírito com Deus (Ibid. VIII 26, destaques nossos).

      Santo Ambrósio, em 397:

      O Espírito Santo, quando procede do Pai e do Filho, não Se separa do Pai nem Se separa do Filho (De Spiritu Sancto 1,11,120, destaques nossos).

      O Bispo de Hipona foi o Padre que mais penetrou o mistério trinitário, em 430, vê-se a doutrina bem mais desenvolvida:

      Além disso, na Suprema Trindade que é Deus, não há intervalo de tempo que permita mostrar, ou pelo menos investigar, se o Filho teria nascido do Pai antes do Espírito Santo e, em seguida, de ambos teria procedido o mesmo Espírito Santo. Pois a Escritura Santa O denomina Espírito do Pai e do Filho. Com efeito, Ele é Aquele do qual fala o Apóstolo: A prova de que sois filhos é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Aba, Pai! (Gl 4,6) (De Trinitate, destaques nossos).

      Donde se conclui que, ou a ausência do Filioque não implica que a procedência se dê somente do Pai ou todos os Padres latinos estão errados (e por isso deveriam ser desconsiderados como referência pelos ortodoxos). Este fato é atestado por um teólogo ortodoxo russo, Sergei Bulgakov:

      Uma geração inteira de escritores ocidentais, incluindo Papas que são venerados como Santos pela Igreja oriental, confessavam a procedência do Espírito também a partir do Filho; e é ainda mais impressionante que não havia virtualmente nenhum desacordo a respeito desta teoria (The Comforter, p. 90). Então não vem com essa que foi uma "invenção". A Tradição mão se limita ao Oriente bizantino.

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    3. Pães azimos NUNCA foi uma invenção nossa! O pão ázimo funda-se em N. Sr. Jesus Cristo que celebrou a Eucaristia depois de haver comido o cordeiro pascal da lei mosaica. Desde que este cordeiro fosse imolado não se permitia comer nem conservar pão com levedura (fermento). Esse pão representava mais vivamente a suma pureza de Deus, que oferece, e a santidade que exige a recepção deste terrível mistério, segundo as palavras de São Paulo: "Comamos, não o trigo antigo, senão os ázimos de sinceridade e de verdade." (1 Cor 52).
      No século XI, a Igreja ordenou que na Missa não se utilize outro pão senão aquele sem levedura. Contudo, deu liberdade para que o rito grego continuasse a consagrar com pão levedado, posto seja uma questão acidental, determinado tão somente por um preceito eclesiástico.
      Quanto à forma do pão eucarístico, o Papa São Ceferino (séc. III) os chama de "coroas" por causa de sua forma redonda: fazia-se expressamente para a Eucaristia e se vê por muitas antigas estampas que neles se imprimia o sinal da Cruz".

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    4. O Papado existe desde os tempos remotos da Igreja, e você como! Toda a Cristandade via em Roma a sede principal da Igreja, é o que nos assegura os Santos Padres da Igreja que vocês dizem seguir (não sei de onde). Santo Inácio de Antioquia, por exemplo, ao escrever as diversas comunidades, sempre exclamava "eu vos exorto/ensino", quando ecreve a Roma lhe faz um punhado de elogios que não fez as outras, inclusive que ela "preside no amor as demais", que "não ensina nada a ela, ao contrário, dela aprende". São Policarpo quando da controvérsia a respeito da data da páscoa, vai a Roma tratar com o Papa tal questão, se Roma não fosse vista como sede da Igreja, não tinha o porque de São Policarpo sair de Esmirna até Roma para tratar de tal questão e celebar com o Papa a Missa. Santo Ireneu diz que a Igreja de Roma, fundada por Pedro e Paulo, e que todos os cristãos do mundo devem estar de acordo com ela...São Cipriano exclama que a Igreja de Roma é a sede principal de onde se tem a unidade sacerdotal... entre tantos outros padres que nos dão belos exemplos. Então não vem com essa de "invenção nossa". Só após as revoltas de fócio e ainda mais a soberba de celulário que queria os status de um papa do oriente que veio essas confusões.

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    5. Purgatório invenção nossa?! mas será que nas escrituras não achamos provas?! afinal, a doutrina católica se baseia totalmente nas sgradas escrituras e na santa traduição apostólica. Então vejamos: Mateus 5, 25–26: O Juiz Nos Colocará na Prisão> Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão. Em verdade te digo: dali não sairás antes de teres pago o último centavo.” Jesu aqui prega através de metáforas, a pergunta que se faz, onde já se viu ser condenado ao fogo eterno e de la sair?! então Jesus aqui se refere a algum lugar onde após "pagar" tuas dividas, ainda tens a chance de sair dessa "prisão". Lucas 12, 47–48: Alguns Servos Recebem Apenas uma Leve Punição. Não vou me estender a explicar os textos pois se tornaria algo extenso e cansativo.

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    6. São Paulo Apóstolo também nos fornece uma série de ensinamentos que corroboram a doutrina do purgatório. De fato, seu ensinamento em 1 Coríntios 3 é talvez o mais explícito sobre o purgatório em todo o Novo Testamento. A maioria dos primeiros Padres da Igreja (como Clemente de Alexandria, Orígenes, Gregório de Nissa, Agostinho e o Papa Gregório Magno) interpretou o ensinamento de Paulo como uma referência clara ao purgatório. Comesse olhando para este trecho mais crítico.

      1 Coríntios 3, 10–17: Podemos ser salvos apenas como através do fogo

      Antes de examinarmos o trecho, vamos primeiro considerar algum contexto. No início de sua carta, São Paulo deixa claro que os Coríntios são cristãos “salvos”. No primeiro capítulo, Paulo afirma estar escrevendo “aos santificados em Jesus Cristo” que receberam “a graça de Deus” e que “não carecem de nenhum dom espiritual”. Como sua santificação é um processo enquanto respondem à graça de Deus, Paulo afirma que os Coríntios “estão sendo salvos” (1 Cor 1, 2–18). O capítulo 3 inicia com Paulo repetindo seu aviso sobre a mundanidade e atitudes divisórias dos coríntios. Ele diz: “porque sois ainda carnais. Porquanto, havendo entre vós rivalidades e contendas, não é porque sois carnais e andais segundo o homem?” (v. 3). Após afirmar a igualdade deles, apesar de seus modos facciosos, Paulo diz que “cada um receberá a sua recompensa segundo o seu trabalho. Efetivamente, somos cooperadores de Deus. Vós sois cultura de Deus, sois edifício de Deus” (vv. 8–9). Paulo então revela as consequências potenciais, no Dia do Julgamento, dos pecados dos coríntios:

      “10.Segundo a graça de Deus que me foi dada, lancei (entre vós) o fundamento (da fé), como sábio arquiteto, mas outro edifica sobre ele. Veja cada um como edifica sobre ele. 11.Porque ninguém pode pôr outro fundamento, senão o que foi posto, isto é, Jesus Cristo. 12.Se alguém edifica sobre este fundamento com ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, (ver nota) 13.manifestada será a obra de cada um, pois o dia do Senhor a fará conhecer, visto que será revelado no fogo, e o fogo provará qual seja a obra de cada um. 14.Se subsistir a obra do que a sobreedificou, receberá prêmio. (ver nota) 15.Se a obra de algum arder, ele sofrerá o prejuízo, mas será salvo, apesar disso, como por meio do fogo. 16.Não sabeis que sois templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 17.Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá. Com efeito, é santo o templo de Deus, que vós sois.”

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    7. Mas, e os padres da Igreja, que vocês afirmam com tanta enfase que suas doutrinas são "baseadas nos ensinos dos santos pais", será que muitos deles também não defendiam a doutrina do purgatório?! A interpretação unânime dos Padres é ainda mais respaldada pelas inscrições nos túmulos, sepulcros e catacumbas dos primeiros mártires e fiéis falecidos da Igreja Católica. Em muitas dessas inscrições, algumas datando do primeiro século, os cristãos falecidos pedem as orações dos vivos. Em seu estudo das inscrições de muitas catacumbas em Roma, o Padre John O’Brien viu as últimas palavras dos cristãos moribundos: “Em suas orações, lembrem-se de nós, que já partimos antes de vocês”.[239] Essas inscrições revelam a crença da Igreja primitiva no purgatório e na eficácia das orações para auxiliar os mortos. O Padre A.S. Barnes compilou muitas dessas inscrições dos primeiros três séculos da Igreja em seu livro The Early Church in the Light of the Monuments [A Igreja Primitiva à Luz dos Monumentos].[240]

      As liturgias mais antigas da Igreja também refletem a crença no purgatório. Desde o início, a Igreja na Santa Missa lembrava os fiéis falecidos, com orações por sua paz e pelo perdão de seus pecados. Uma das liturgias mais antigas, atribuída ao Apóstolo Tiago, contém a oração: “Comemoramos todos os fiéis mortos que morreram na verdadeira fé… Pedimos, suplicamos, rogamos a Cristo nosso Deus, que recebeu suas almas e espíritos, que por Suas muitas compaixões os torne dignos do perdão de seus erros e da remissão de seus pecados.”[241]

      No século IV, Cirilo de Jerusalém expressou a crença da Igreja de que “as almas daqueles pelos quais as orações são oferecidas [durante a Missa] recebem um grande alívio”. Na Missa Tradicional Latina, originalmente composta por Pedro e Paulo em Roma, o sacerdote oferece o sacrifício “pelos vivos e pelos mortos, para que possa valer tanto para mim quanto para eles para a salvação da vida eterna”. O sacerdote também pede a Deus que conceda aos mortos “um lugar de refrigério, luz e paz.”

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    8. Constituições Apostólicas
      Coleção inicial de escritos cristãos, c.350

      “Oremos pelos nossos irmãos que descansam em Cristo, para que Deus, o amante da humanidade, que recebeu a sua alma, possa perdoar-lhe todo pecado, voluntário e involuntário, ser misericordioso e compassivo para com ele, e dar-lhe sua parte na terra dos piedosos que foram enviados ao seio de Abraão, e Isaque, e Jacó, com todos aqueles que lhe agradaram e fizeram Sua vontade desde o início do mundo, de onde todo pesar, tristeza e lamento são banidos.” Constituições Apostólicas, 8:4,41

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    9. Cipriano de Cartago
      Bispo e Mártir, d. 258

      “É uma coisa pedir perdão e outra coisa alcançar a glória: é uma coisa, quando lançado na prisão, não sair de lá até que se tenha pago o último centavo [último dinheiro]; outra coisa é receber imediatamente os salários da fé e coragem. É uma coisa, ser torturado por muito tempo por pecados, ser purificado e purgado por fogo; outra coisa é ter purgado todos os pecados pelo sofrimento. É uma coisa, enfim, estar em suspense até a sentença de Deus no dia do julgamento; outra coisa é ser coroado imediatamente pelo Senhor.” Para Antonianus, Epístola 51(55):20 (A.D. 253)

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    10. Orígenes
      Teólogo, d. 254

      “Pois se sobre o fundamento de Cristo você construiu não apenas ouro, prata e pedras preciosas, mas também madeira, feno e palha, o que você espera quando a alma for separada do corpo? Você entraria no céu com sua madeira, feno e palha e assim contaminaria o reino de Deus; ou, por causa desses impedimentos, você permaneceria sem receber nenhuma recompensa por seu ouro, prata e pedras preciosas; isso também não é justo. Resta então que você seja entregue ao fogo, que queimará os materiais leves, pois o nosso Deus, para aqueles que podem compreender as coisas celestiais, é chamado de fogo purificador. Mas esse fogo não consome a criatura, mas o que a criatura mesmo construiu, madeira, feno e palha. É manifesto que o fogo destrói a madeira de nossas transgressões e depois nos devolve a recompensa de nossas grandes obras.” Homilias sobre Jeremias, PG 13:445,448 (A.D. 244)

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    11. Tertuliano
      Teólogo, d.c.225

      “[A]quela alegoria do Senhor que é extremamente clara e simples em seu significado, e deve ser desde o início entendida em seu sentido simples e natural… Então, novamente, se você estiver disposto a aplicar o termo “adversário” ao diabo, você é aconselhado pelo mandamento [do Senhor], enquanto estiver a caminho com ele, a fazer até mesmo com ele um acordo que possa ser considerado compatível com os requisitos da sua verdadeira fé. Agora, o acordo que você fez com respeito a ele é renunciá-lo, assim como sua pompa e seus anjos. Tal é o seu acordo neste assunto. Agora, a compreensão amigável que você terá que cumprir deve surgir da sua observância do acordo: você nunca deve pensar em recuperar qualquer uma das coisas que você renunciou e restaurou a ele, para que ele não o convoque como um homem fraudulento e transgressor do seu acordo, diante de Deus, o Juiz (pois é assim que o lemos, em outro trecho, como “o acusador dos irmãos”, ou santos, onde se faz referência à prática real da ação judicial); e para que esse Juiz não o entregue ao anjo que executará a sentença, e ele não o coloque na prisão do inferno, da qual não haverá demissão até que a menor de suas delinquências seja paga no período antes da ressurreição. O que pode ser um sentido mais adequado do que este? Que interpretação mais verdadeira? Um Tratado sobre a Alma, 35 (A.D. 210)

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    12. Clemente de Alexandria
      Teólogo, d.215

      Consequentemente, o crente, por meio de uma grande disciplina, despojando-se das paixões, passa para a morada que é melhor do que a anterior, ou seja, para o maior tormento, levando consigo a característica do arrependimento pelos pecados que cometeu após o batismo. Ele é então torturado ainda mais, não alcançando ainda ou não totalmente o que vê outros terem adquirido. Além disso, ele também se envergonha de suas transgressões. Os maiores tormentos, de fato, são atribuídos ao crente. Pois a retidão de Deus é boa, e Sua bondade é justa. E embora os castigos cessem no curso da conclusão da expiação e purificação de cada um, aqueles que se mostram dignos do outro rebanho têm uma dor muito grande e permanente, por não estarem junto com aqueles que foram glorificados pela retidão.” Stromata, 6:14 (A.D.202) E tantos outros exemplos e testemunhos que não vou me alongar aqui.

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    13. Sobre as indugências, na doutrina católica, Indulgência (do latim indulgentia, que provém de indulgeo, "para ser gentil") é a remissão, total ou parcial, da pena temporal devida, para a justiça de Deus, pelos pecados que foram perdoados, ou seja, do mal causado como consequência do pecado já perdoado através da confissão sacramental, a remissão é concedida pela Igreja Católica no exercício do poder das chaves, por meio da aplicação dos superabundantes méritos de Cristo e dos santos, por algum motivo justo e razoável. Embora no sacramento da Penitência a culpa do pecado é removida, e com ele o castigo eterno devido aos pecados mortais, ainda permanece a pena temporal exigida pela Justiça Divina, e essa exigência deve ser cumprida na vida presente ou na depois da morte, isto é, no Purgatório. Uma indulgência oferece ao pecador penitente meios para cumprir esta dívida durante sua vida na terra, reparando o mal que teria sido cometido pelo pecado. No início da Igreja, especialmente a partir do século III, as autoridades eclesiásticas concediam aos cristãos indulgências para reduzir as penitências muito longas e severas. No século VI os participantes do Concílio de Borgonha substituíram para a prática de graves penitências canônicas por penitências mais leves. Tornou-se habitual a penitência de obras menos exigentes, tais como orações, esmolas e jejuns. Até o século X as indulgências consistiam em donativos piedosos, peregrinações e outras boas obras. Em seguida, no século XI e XII, o reconhecimento do valor destas obras começaram a associar-se não tanto com a penitência canônica, mas com remissão da pena temporal devida ao pecado. Em 22 de fevereiro de 1300, o Papa Bonifácio VIII institui o primeiro jubileu cristão por meio da bula Antiquorum habet fida relatio – Um documento digno de fé dos antigos relata, que concedeu uma indulgência extraordinária e plenária aos fiéis que fizessem uma peregrinação a Roma, ao túmulo de São Pedro.

      A partir de então os jubileus e o anuncio de uma indulgência extraordinária foram comemorados com uma periodicidade de 50 anos, que se baseava no costume judaico (Ex 23, 10-11). A partir de 1475, o Papa Paulo II determinou que um Jubileu ordinário seja a cada 25 anos, para possibilitar que pelo menos uma geração se beneficiasse da graça do Jubileu. O Papa pode, conforme as circunstâncias, instituir um Ano Santo, ou Jubileu extraordinário. As esmolas das indulgências eram utilizadas em diversas obras de caridade, em igrejas, hospitais, leprosários, instituições beneficentes e escolas. O que há de mau nisso?! Estão iguais protestantes arrumando pretexto para nos acusar.

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    14. No mais, É verdade que a Igreja do Ocidente usa algumas construções teológicas que não eram usadas pelos Padres de língua grega. Mas, e daí? Os Padres de língua grega baseavam sua linguagem filosófica na de Platão – um pagão. A Igreja do Ocidente (depois do Cisma) começou a pegar emprestada a linguagem filosófica de Aristóteles – outro pagão. É por isso que as Igrejas do Oriente e do Ocidente tem sido incapazes de comunicar-se entre si por tanto tempo. No entanto, não é a linguagem teológica que é importante, mas o conteúdo por detrás dela. E o conteúdo da Teologia Católica é completamente Apostólico. As “inovações” que você percebe são na forma, e não no conteúdo. Concluo mais uma vez dizendo: Entre os comentários desses "ex-católicos" e os santos padres da Igreja, eu fico com os ultimos. Eu fico com a Roma Eterna dos santos e dos mártires.

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